A organização, ligada à Igreja Católica, reúne dados sobre o número de indígenas infetados em todos os países que partilham a maior floresta tropical do mundo (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela) em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica (Coica).
O último levantamento, com dados até terça-feira, indica ainda que 93 povos indígenas da floresta amazónica já foram afetados pela doença do novo coronavírus.
O país com mais casos de covid-19 registados entre indígenas é o Peru, com 2.191, seguido da Colômbia (1.809) e do Brasil (1.346).
O Peru também registou o maior número de indígenas mortos na (349), seguido do Brasil (151) e da Bolívia (21).
O levantamento adianta que houve um grande crescimento no número de casos detetados entre o final de maio e o início de junho.
Um relatório anterior, com dados até 26 de maio, indicava 2.278 infeções entre indígenas da Amazónia e 506 mortes causadas pela covid-19, que atingia 73 povos.
Assim, o número de casos detetados da doença no final de maio mais do que duplicou esta semana.
A Repam alertou que a pandemia, que já se tornou uma verdadeira tragédia em cidades como Manaus e Belém, no Brasil, ou em Iquitos no Peru, chegou ao coração da floresta, especialmente nos rios que cortam a fronteira entre o Brasil, Peru e a Colômbia, e junto aos quais habitam milhares de indígenas.
Especialistas de diversas organizações multilaterais, como a Organização Pan-Americana da Saúde, têm expressado reiteradamente preocupação com os dados da proliferação da doença na América do Sul, que enfrenta a pandemia em emergência sanitária e económica, que inclui um número acentuado de casos em grupos vulneráveis, como as populações indígenas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 380 mil mortos e infetou quase 6,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,7 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.