A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com sede em Paris, lembrou que no dia 20 de novembro, dez dias após o cessar-fogo na região, reafirmou a obrigação da Arménia e do Azerbaijão de garantir a proteção dos seus bens culturais após o conflito.
De acordo com a UNESCO, a proposta de enviar a campo uma missão de especialistas independentes para fazer um inventário preliminar dos ativos afetados teve o apoio dos copresidentes do Grupo Minsk, bem como um primeiro acordo de representantes da Arménia e do Azerbaijão.
Depois disso, o Comité que analisa este tipo de situação pediu às partes que cumprissem "as condições para o envio da missão" e a UNESCO fez propostas, mas a resposta do Azerbaijão ainda não foi enviada.
"Aguardamos uma resposta de Baku para transformar em atos e sem demora as discussões construtivas das últimas semanas", afirmou o vice-diretor para assuntos culturais da UNESCO, Ernesto Ottone, num comunicado.
Na nota, Ottone explicou que, desde então, as autoridades do Azerbaijão foram interpeladas em diversas ocasiões, sem resposta até ao momento.
"Cada semana que passa, a evolução da situação dos bens culturais torna-se mais frágil e difícil, sobretudo devido às condições climatéricas que se agravarão nos próximos dias", acrescentou.
A organização internacional pediu que a oportunidade aberta pelo cessar-fogo entre os países não seja desperdiçada e lembrou que a proteção do património é "uma condição importante para uma paz duradoura".
Os mais recentes combates no Nagorno-Karabakh, um enclave em disputa entre os dois países vizinhos desde 1988, deflagraram em 27 de setembro e prolongaram-se por 44 dias.
Na sequência do acordo de cessar-fogo mediado por Moscovo que pôs termo ao conflito em 10 de novembro, o Azerbaijão passou a controlar mais de dois terços do território do Karabakh.
A Arménia e o Azerbaijão, ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso do Sul, declararam a independência em 1991.
O Nagorno-Karabakh, região em território azeri e atualmente habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra entre 1992 e 1994 que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas continuaram frequentes, em particular durante a guerra de quatro dias em 2016.
A declaração de independência do Nagorno-Karabakh foi legitimada por três referendos organizados pelas autoridades arménias locais (1991, 2006 e 2017), mas nunca foi reconhecida internacionalmente, incluindo pela Arménia.