Covid-19: Trump "falhou redondamente" na proteção do povo
O jornalista e editor associado do Washington Post, Bob Woorward, autor do livro 'Rage', sobre Donald Trump, defendeu hoje que o ex-Presidente norte-americano "falhou redondamente" na proteção do povo contra a pandemia e que sabia que o vírus era grave.
© Reuters
Mundo Covid-19
Bob Woodward, vencedor de dois prémios Pulitzer, um deles pela cobertura do caso Watergate, juntamente com Carl Bernstein, que culminou na demissão do Presidente Richard Nixon, em 1974, participou hoje, via videoconferência, na Conferência de Primavera da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
O jornalista entrevistou Donald Trump "durante nove horas e 42 minutos" para escrever o livro "Rage", publicado em setembro de 2020, e divulgou hoje uma gravação inédita de 25 minutos, cujo conteúdo está sumarizado no livro, e onde se pode concluir que o ex-Presidente sabia, no final de junho, que o vírus era grave, que se transmitia pelo ar e que era pior do que uma gripe normal, contrariamente ao que afirmava publicamente.
"Ele [Trump] falhou redondamente na proteção do povo. Com todo o seu poder como Presidente, ele podia ter escolhido uma pessoa para gerir a mobilização dos médicos e outros setores da vida americana e conter o vírus, mas ele não fez isso. Limitou-se a ignorá-lo", disse o jornalista que trabalha há quase meio século no Washington Post, um dos jornais que Donald Trump costumava atacar nas suas críticas à imprensa.
Bob Woodward acusou Trump de "fracasso da gestão" e "fracasso moral", por não ter ouvido os especialistas e, assim, nada ter feito para evitar a morte de milhares de pessoas, devido à covid-19.
"Naquele momento [das entrevistas a Trump], 30 mil pessoas tinham sido mortas pelo vírus. Agora são mais de 500 mil pessoas mortas pelo vírus e este homem, que definiu o seu trabalho como 'proteger o povo', falhou nisso", reiterou.
Para Bob Woodward, o facto de Trump ter mais tarde admitido que não queria deixar as pessoas em pânico, "é parte da tragédia".
"Os grandes presidentes, os grandes líderes mundiais perceberam que, quando estamos perante uma crise como o vírus, têm de ser honestos com as pessoas. O líder abre o jogo e diz 'olhem, isto é mau'. Se Trump tivesse feito isso e mobilizado o país - o Presidente tem esse megafone - segundo os especialistas, centenas de milhar de vidas teriam sido salvas", afirmou.
O jornalista disse que a sociedade americana continua polarizada, mesmo depois da eleição de Joe Biden para Presidente, e que a comunicação social tem também a sua parte de culpa, por não dar voz aos dois lados da discussão e apresentar "certezas inquestionáveis".
"Demasiada gente neste país, demasiada gente nos media, esquecem-se do 'outro lado'. Temos de o compreender e dos concentrarmos nisso. Vivemos tempos conturbados, mesmo depois de Trump, e este é um momento chave na história para os EUA e para o mundo, na minha opinião", concluiu.
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