"É agora claro para todos nós que a década dos anos 20 deste século é a década do digital no notável espaço político e geográfico que partilhamos", começou por dizer Tiago Brandão Rodrigues na abertura da sessão da tarde da Conferência de Alto Nível relativa à Educação Digital "O Digital na Educação", que decorreu hoje por videoconferência.
A educação digital, acrescentou o governante português, já era uma prioridade comum dos estados-membros da União Europeia, mas a pandemia de covid-19 agiu como seu acelerador, e também na passagem da resposta para a recuperação da pandemia deve projetar-se essa "discussão em direção ao futuro".
"Se os nossos programas a plasmam, se já temos um mapa, cabe-nos partir da centralidade que, felizmente, a educação digital hoje assume nas nossas agendas para traçarmos um caminho comum enquanto União e, simultaneamente, as suas ramificações, enquanto nações", sublinhou.
Tiago Brandão Rodrigues acrescentou ainda que ficou igualmente claro no último ano que a educação digital é uma "arquitetura de organizações que precisam de ser digitalmente capacitadas, de profissionais educativos que precisam de maior confiança e competências digitais e de produção de conteúdos que sejam realmente digitais e não apenas uma versão digital do que seriam em papel".
Por outro lado, a educação digital deverá também ser inclusiva e universal, e não dirigida apenas a alguns, promovendo o progresso.
"Se, naturalmente, há uma facilidade na adesão dos mais jovens, jamais podemos abandonar os mais velhos à exclusão digital. Se há um défice social, a Educação Digital deve contribuir para a sua superação. Se há mais homens do que mulheres envolvidos neste setor, ela deve procurar tornar esse abismo de género tão pertencente ao passado", exemplificou.
A comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, acompanhou os argumentos do ministro português, recordando igualmente o papel da pandemia de covid-19, que através da adversidade abriu portas a uma oportunidade para inovar e trabalhar em conjuntos para o futuro".
"Esta crise funcionou como um catalisador da transformação que a União Europeia sabia que estava a caminho, mas não sabia que chegaria tão depressa", afirmou Mariya Gabriel, considerando que a educação digital nunca foi tão prioritária na agenda europeia como atualmente.
As "hackathons" em educação digital também contribuem para essa transformação, juntando milhares de jovens por todo o mundo durante dois dias para encontrarem soluções para os desafios da era digital.
A entrega de prémios da 2.ª edição do "Hackathon em Educação Digital" (DigiEduHack) decorreu hoje durante a sessão da tarde da conferência, em que participou o ministro da Educação, depois de em abril terem sido anunciados os vencedores.
Uma das três ideias vencedoras é portuguesa e partiu da equipa "SaveYourDopamine", do Instituto Superior de Engenharia do Porto, que criou uma plataforma que utiliza inteligência artificial para combinar competências dos trabalhares com projetos, permitindo a otimização de recursos das organizações, bem como a aprendizagem ao longo da vida.
Entre os vencedores está também uma equipa do Peru, que criou um jogo dirigido a crianças e adolescentes, com o objetivo de promover a educação sexual de forma séria, mas divertida, e uma plataforma de colaboração 'online' que simula a experiência de laboratório, criada por uma equipa italiana para ultrapassar uma das grandes dificuldades impostas pela pandemia da covid-19 no ensino.
No final da sessão, antes da fotografia de grupo virtual, o ministro da Educação felicitou as três equipas, elogiando os projetos por proporem soluções para áreas tão relevantes como o ensino 'online', a educação cívica e a digitalização do mercado de trabalho.
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