Suécia regista recorde de mortes com armas de fogo

A Suécia tornou-se em menos de uma década um dos países europeus com maiores taxas de mortes por armas de fogo, situação que contraria a tendência na Europa e suscita a preocupação das autoridades, foi hoje divulgado.

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Lusa
26/05/2021 14:30 ‧ 26/05/2021 por Lusa

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Suécia

O alerta consta num relatório do Conselho Sueco para a Prevenção do Crime, que aponta o percurso oposto que o país escandinavo está a fazer nesta matéria em comparação com a maioria dos Estados europeus, que têm registado uma diminuição das mortes com armas de fogo desde o início dos anos 2000.

A violência entre grupos rivais em bairros problemáticos é uma das causas apontadas para o atual cenário verificado no território sueco, segundo o documento do organismo, citado pelas agências internacionais.

"A Suécia ocupa atualmente uma posição muito elevada na classificação, com cerca de quatro mortes por cada milhão de habitantes, para uma média europeia de 1,6. Nenhum outro país do estudo mostra um aumento comparável ao da Suécia", observa o conselho.

Os últimos dados mais completos sobre a violência relacionada com armas de fogo, relativos ao período 2014-2017, colocam a Suécia na segunda posição entre os países da União Europeia (UE), atrás da Croácia.

Em 2018, o país escandinavo chega a ocupar o primeiro lugar do 'ranking', de acordo com o Conselho Sueco para a Prevenção do Crime, ressalvando, porém, que os dados disponíveis para o período em questão não são definitivos.

"O aumento da mortalidade violenta com armas de fogo está fortemente ligado aos circuitos criminosos em bairros difíceis", sublinha a instituição, indicando que a situação tem vindo a agravar-se desde 2013.

A polícia e o Governo suecos têm acompanhado o evoluir da situação com preocupação, em especial o aumento registado de tiroteios e de acertos de contas atribuídos a grupos rivais com ligações ao crime organizado.

Em 2020, mais de 360 incidentes com armas de fogo foram contabilizados na Suécia, com o registo recorde de 47 mortos e 117 feridos, de acordo com a polícia.

O relatório do Conselho Sueco para a Prevenção do Crime realça que o número de pessoas que foram mortas com armas de fogo mais do que duplicou numa década, representando quase 40% das mortes violentas registadas naquele país.

Outro indicador apontado pela instituição é o elevado número de vítimas com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos.

O aumento expressivo da criminalidade associada a armas de fogo tem gerado um intenso debate político no país.

O executivo sueco, social-democrata, tem vindo a adotar uma série de medidas desde 2019, mas o balanço da intervenção governamental nesta matéria não é consensual.

"A Suécia não se deve habituar a isto. Temos de inverter a tendência", disse o ministro do Interior sueco, Mikael Damberg, em reação ao relatório.

O partido Moderado (conservador), a maior força da oposição sueca, classificou a situação como "uma vergonha para a Suécia", enquanto o líder da extrema-direita sueca (partido Democratas da Suécia), Jimmie Akesson, acusou o executivo de se ter "rendido" perante o atual panorama.

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