Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo do Qatar, Raab disse apoiar o diálogo com os talibãs para testar as promessas do grupo.
O chefe da diplomacia britânica lembrou as promessas do grupo fundamentalista, que tomou Cabul a 15 de agosto, de proteger a liberdade de viajar de afegãos e estrangeiros, formar um governo inclusivo e impedir que grupos terroristas usem o Afeganistão como base.
"Em todas estas áreas vamos julgá-los pelo que fazem, não apenas pelo que dizem", afirmou Raab.
O chefe da diplomacia do Reino Unido foi muito criticado no país pela sua gestão da crise no Afeganistão e a imprensa questionou mesmo a sua continuação no cargo, embora o primeiro-ministro, Boris Johnson, lhe tenha renovado a confiança.
Os talibãs entraram em Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada final das forças militares norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país desde 2001, na sequência do combate à Al-Qaida após os atentados terroristas de 11 de setembro do mesmo ano nos Estados Unidos.
Desde essa altura, o Reino Unido retirou mais de 15.000 pessoas do Afeganistão, mas falhou, como admitiu, ao não conseguir fazer sair do país centenas de afegãos elegíveis pelo seu sistema de acolhimento. Até 1.100 pessoas, segundo o ministro da Defesa, Ben Wallace.
Para assegurar a "livre passagem" dos seus nacionais e aliados, Londres já tinha anunciado ter enviado a Doha o representante especial britânico para a transição no Afeganistão, Simon Gass, para negociar com os talibãs.
O reconhecimento diplomático será fundamental para permitir aos talibãs acesso a ajuda para o desenvolvimento e a empréstimos de instituições financeiras internacionais numa altura em que a economia do Afeganistão está em queda livre.
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