Segundo noticia hoje o Jornal de Angola, a dívida é reclamada pela empresa Angoskima Lda pelo fornecimento de bens diversos ao governo da província angolana de Cuando Cubango entre 1992 e 1997, dívida que terá sido validada pelo governo local.
A imprensa angolana noticiou o facto e questionou a autenticidade da dívida, atribuindo ao atual governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, alegados desvios desses fundos em conluio com a empresa, que segundo o jornal Valor Económico foi "criada apenas em 03 de julho de 1997".
Segundo uma certidão consultada pela Lusa, a empresa tinha como sócios, à data em que foi constituída, José Maria Zeferino e o seu filho de 10 anos, Angélico José Vandra Quiel.
O governo do Cuando Cubango esclareceu, em comunicado, que por orientação do Ministério das Finanças, em 21 de junho de 2021, o sócio-gerente da empresa Angoskimas Lda dirigiu-se à Secretaria-Geral daquele governo solicitando a emissão de uma declaração atualizada da dívida.
O comunicado referia que, no entender do responsável da empresa, a dívida, "que já havia sido validada no passado pelo Ministério das Finanças", estava avaliada em 2,9 triliões de kwanzas, mas "após ter sido detetado um erro grave de cálculo, que empolava o montante", a mesma foi reduzida para 439,5 mil milhões de kwanzas e validada por Júlio Bessa.
"Com este rigor contabilístico, o Governo Provincial do Cuando Cubango poupou aos cofres do Estado, isto é, do erário, o pagamento indevido de 2,5 triliões de kwanzas ", lê-se na nota.
Para o governo do Cuando Cubango, "é, no mínimo, estranho e patético a conversão deste ato de patriotismo e de boa gestão da coisa pública em escândalo e crime de desvio/roubo, que pretensiosamente está a ser atribuído ao governador Júlio Bessa, sem razão fundada e nexo de casualidade com os factos" relatados.
As acusações são consideradas pelo governo do Cuando Cubango como "ato ignóbil e desprezível, forjado no laboratório por todos conhecido grupo de eixo do mal daquela província", admitindo avançar com uma ação judicial para a "responsabilização dos autores" da "perseguição atroz" aos quadros daquele governo.
Já o Ministério das Finanças esclarece, em nota, que "não deu provimento à reclamação de dívida da empresa Angoskima Lda, uma vez que esta se encontrava fora do âmbito temporal de 2013 e 2017, definido pelo decreto executivo 507/18 de 20 de novembro, que norteava a estratégia de regularização de dívida interna atrasada".
Conforme a metodologia definida, explica o órgão ministerial, a reclamação foi registada, após receção da certificação e homologação feitas pelo Governo Provincial do Cuando Cubango, enquanto órgão beneficiário dos serviços, "e não pela ministra das Finanças, porquanto a mesma não intervém no processo de certificação de dívida".
O Ministério das Finanças assegura também que o processo será remetido à Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE), "atendendo às inconformidades identificadas".
A Lusa procurou contactar a empresa, mas não foi possível encontrar quaisquer contactos telefónicos nem página da Angoskima na Internet.
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