Sudão. Detidos três diretores de empresas de telecomunicações

Um tribunal sudanês ordenou hoje a detenção de três diretores de empresas de telecomunicações do Sudão até que o serviço de Internet móvel seja restabelecido, encontrando-se interrompido desde 25 de outubro, data do golpe de Estado militar. 

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Lusa
18/11/2021 13:55 ‧ 18/11/2021 por Lusa

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Sudão

Um tribunal de Cartum ordenou a detenção dos diretores das empresas de telecomunicações Zain, Sudani e MTN "até que as empresas restaurem os serviços de Internet" e "o juiz entregou a sua decisão aos advogados das empresas", disse à agência de notícias espanhola, Efe, o presidente da Associação de Proteção do Consumidor, Yaser Marghany.

Marghany acrescentou que o juiz do tribunal rejeitou as justificações dadas pelas empresas para encerrarem o serviço de Internet oferecida através da rede móvel em todo o país.

Segundo o presidente da associação, os operadores afirmaram que tinham recebido ordens das autoridades militares do país para interromper a conexão com o fim de proteger a segurança nacional após o golpe liderado pelo general Abdel-Fattah al-Burhan.

Na semana passada, o Tribunal Geral do Sudão ordenou que fosse restabelecido o acesso ao serviço, embora essa decisão não tenha sido implementada e possa ainda ser objeto de recurso.

Esta quarta-feira, o portal Netblocks, com sede em Londres que documenta a censura na rede em todo o mundo, comunicou, através do Twitter, que o Sudão estava a meio de um apagão "de quase todas as telecomunicações", uma vez que as linhas telefónicas também foram cortadas. 

Este corte de comunicação geral coincidiu com um dia de protestos contra o golpe de Estado militar, que resultou em 15 mortos, sendo, até ao momento, o dia mais sangrento desde o início das manifestações, segundo o Comité de Médicos pró-democracia, uma união independente que faz a contagem de vítimas e feridos.

Hoje as linhas de telefone fixo foram restabelecidas, conforme constatou a Efe, mas o serviço de internet móvel, o mais utilizado pela população devido aos seus preços acessíveis, permanece desconectado.

Desde o golpe, os serviços de Internet por cabo continuam a operar, mas o seu preço é muito alto, cerca de 441 euros por mês, o que significa que apenas algumas empresas têm acesso a este serviço. 

A interrupção das comunicações também afetou o fluxo de informações sobre os protestos e a situação no Sudão, especialmente fora da capital, Cartum.

O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a sua primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.

Entretanto, os grupos pró-democracia começam a demonstrar alguma discórdia devido ao apelo de um grupo de partidos e movimentos políticos que pedem que o poder seja partilhado entre os manifestantes e os generais, num acordo civil-militar, como era antes do golpe de Estado.

A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA, na sigla em inglês), que liderou em 2019 a revolta contra Al-Bashir, criticou o apelo, defendendo que o poder deve ser entregue a civis.

A SPA disse que iria trabalhar com os comités de resistência e outros grupos para derrubar o conselho militar e estabelecer um Governo civil para liderar a transição democrática.

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou o estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.

Já morreram, no total, 45 pessoas.

Leia Também: Sudão. Forças de segurança atacam manifestantes com gás lacrimogéneo

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