Europa é que deve falar em questões de segurança europeia

O Presidente francês disse hoje estar satisfeito com "o interesse renovado" dos Estados Unidos pela tensa relação entre a Rússia e a Ucrânia, mas avisou que, quando se trata da segurança europeia, "é a Europa que deve falar".

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Lusa
11/01/2022 16:51 ‧ 11/01/2022 por Lusa

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Macron

 

"Quando se trata da segurança da Europa, é a Europa que deve falar. Sobre as questões da segurança europeia, incluindo os nossos vizinhos, as nossas fronteiras, o nosso armamento e tudo que pode tocar o solo europeu, cabe às instituições e aos Estados-membros tomarem decisões", disse hoje Emmanuel Macron numa conferência de imprensa no Palácio do Eliseu.

O líder gaulês reuniu-se hoje com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, de forma a alinhar as prioridades da França, que assumiu a presidência rotativa da União Europeia no início de janeiro, com as diferentes instituições europeias.

Questionado sobre se a União Europeia estava fora das conversações sobre a tensão entre a Ucrânia e a Rússia e que contam com a participação dos Estados Unidos, o Presidente francês declarou que "a Europa está presente desde o primeiro dia".

"A Europa, desde o primeiro dia, está implicada nestas conversações pelos acordos de Minsk e pelo formato da Normandia. Lembro que este formato agrupa Rússia, Ucrânia, França e Alemanha, duas potências europeias, que agem como garante deste processo", indicou Emmanuel Macron.

Quanto ao papel dos Estados Unidos, o Presidente disse que o regresso dos norte-americanos às negociações "é bom", já que isso é importante para a segurança coletiva do planeta.

"É bom que tenha havido um interesse renovado dos Estados Unidos neste processo. Devemos estar satisfeitos. É bom que os Estados Unidas e a Rússia falem sobre a questão europeia, mas não só. É uma questão de segurança coletiva", afirmou o Presidente, sublinhando "não estar incomodado" com esta presença norte-americana.

Já Charles Michel garantiu que a questão ucraniana vem contribuir para uma "consciência europeia" de maior coordenação das ações que garantam a segurança e estabilidade dos Estados-membros da União.

Os dois líderes foram ainda questionados sobre a questão da energia na Europa, nomeadamente a dependência de alguns países face à Rússia, e se as manobras dos russos não teriam sanções.

"Em termos de sanções, já dissemos claramente que no caso de haver uma agressão militar contra a Ucrânia, íamos responder de forma massiva, mas esse não é o nosso desejo. O que queremos é contribuir para a estabilidade", afirmou Charles Michel.

Já Emmanuel Macron disse que "pode haver diferenças" na forma como os 27 veem a questão da energia, mas em relação ao facto de a Comissão Europeia considerar a energia nuclear como 'verde'.

"Consideramos que o reconhecimento da energia nuclear como uma energia sem emissões de carbono é um elemento muito importante para respeitar o nosso limite de emissões [...]. É uma questão que se liga com a nossa soberania. Se queremos sair do carvão e como não produzimos gás, o nuclear está no coração da nossa estratégia também geopolítica", explicou Emmanuel Macron.

O líder francês indicou ainda querer debater os preços da eletricidade com os restantes países europeus.

Tanto Emmanuel Macron como Charles Michel lamentaram ainda a morte de David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, que morreu hoje em Itália. O Presidente francês qualificou-o como "um amigo", com quem tinha trabalhado proximamente nos últimos meses de forma a preparar a presidência francesa do Conselho da União Europeia.

Leia Também: Mali: Macron promete apoio europeu às sanções regionais ao país

 

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