O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Çavusoglu, especificou, numa conferência de imprensa hoje realizada em Ancara, ter falado na segunda-feira ao telefone com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, adiantando estar confiante de que vai alcançar o objetivo.
"Lavrov ligou-me ontem [segunda-feira] à noite. As condições estão a desenvolver-se gradualmente, mas, em breve, poderemos dar boas notícias", disse Çavusoglu.
O ministro adiantou ainda que, desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, Ancara já conseguiu retirar "mais de 14.800" cidadãos turcos da Ucrânia, estimando que entre 300 e 350 ainda estejam à espera para deixar o país.
Destes, cerca de 100 estão em Mariupol, cidade portuária no leste da Ucrânia que tem sido alvo de intensos bombardeamentos e que se encontra há vários dias sitiada pelas forças russas.
Hoje é esperado que os cidadãos turcos possam deixar as cidades de Lviv (noroeste) e Odessa (sul), em dois autocarros, disse o governante turco.
Também em Sumy, no noroeste da Ucrânia, está a ser preparada uma operação de retirada de civis, que deverá ter início hoje, referiu, por seu lado, o porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Ewan Watson.
"Estamos a facilitar a saída segura de civis de Sumy, numa operação conjunta com a Cruz Vermelha ucraniana", explicou o porta-voz, acrescentando esperar que "a operação não seja interrompida pelo recrudescimento das hostilidades, como aconteceu em Mariupol".
A retirada de civis de Sumy deverá juntar duas colunas de 30 autocarros cada, que estavam, hoje de manhã, a caminho da cidade, mas Watson não forneceu pormenores sobre o número de pessoas que deverão ser retiradas ou para onde serão levadas.
"Esperamos que a operação decorra conforme planeado", disse, lembrando que "nos últimos dias, os acordos de cessar-fogo não foram respeitados".
"Estamos esperançosos que a retirada de civis seja bem-sucedida hoje", referiu o porta-voz, sublinhando, no entanto, que a Cruz Vermelha atua como facilitador e não como garante dos acordos de evacuação.
Por outro lado, Watson admitiu que a situação humanitária é desesperada em Mariupol, cercada pelas forças militares russas e vítima de várias tentativas de retirada de civis, que falharam devido à violação dos acordos temporários para cessar as hostilidades.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, a qual foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
A guerra na Ucrânia provocou milhares de mortos e feridos, mas o número preciso está ainda por determinar.
As informações sobre baixas militares e civis indicadas por cada uma das partes carecem de verificação independente.
A ONU contabilizou 636 civis mortos e 1.125 feridos até domingo, mas tem alertado insistentemente que o número deverá ser substancialmente superior.
Mais de três milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da guerra, naquela que já é considerada a prior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
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