"As autoridades russas lançaram uma caça às bruxas, conseguindo criar mecanismos que permitem ao sistema judicial do país processar todos os manifestantes antiguerra e críticos influentes do país que condenaram a invasão à Ucrânia", afirma a AI, em comunicado.
Marie Struthers, diretora da AI para a Europa de Leste e Ásia Central, afirmou que "a perseguição dos que se opõe à invasão da Ucrânia por parte do presidente Vladimir Putin é maior do que em situações anteriores quando Moscovo queria reprimir manifestantes e ativistas".
"Os que são surpreendidos a criticar a guerra enfrentam uma série de acusações arbitrárias, apenas por falarem. Alem de serem acusados de desacreditar as forças armadas, enfrentam acusações de calúnia e incentivo ao terrorismo", referiu.
Segundo a AI, desde que começou a ofensiva militar, em 24 de fevereiro, foram abertos pelas autoridades russas "pelo menos 60 processos criminais por protestos pacíficos contra a guerra, ou críticas públicas às autoridades, invocando 14 artigos diferentes do código penal russo".
A ONG indica ainda que, pelo menos 46 pessoas foram indiciadas criminalmente, das quais nove estão detidas e três em prisão domiciliária.
Já depois do início da ofensiva na Ucrânia, Moscovo aprovou uma lei que prevê penas de 10 anos de prisão para quem "desacreditar" as forças armadas russas, que podem aumentar para 15 caso os "comentários" tenham consequências graves.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
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