Numa declaração conjunta, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, e o comissário Europeu para o Alargamento, Olivér Várhelyi, asseguraram que "a Europa não esqueceu o que aconteceu em Srebrenica" e "a sua própria responsabilidade por não ter sido capaz de prevenir e parar o genocídio".
"Em Srebrenica, a Europa falhou e enfrentamos a nossa vergonha", afirmaram.
Mais de 8.000 muçulmanos bósnios foram mortos depois das forças do Exército Bósnio da Sérvia, sob comando do general Ratko Mladic, terem conquistado a cidade de Srebrenica, município no leste da Bósnia e Herzegovina, em julho de 1995, poucos meses antes do fim da guerra civil bósnia, num crime que foi classificado como genocídio pela justiça internacional.
As forças de Ratko Mladic entraram na cidade a 11 de julho de 1995 e, após negociar com as forças de manutenção da paz das Nações Unidas (Força de Proteção das Nações Unidas - UNPROFOR) a retirada da área, procedeu à execução de cerca de mais de 8.000 homens, adultos e jovens. As mulheres e raparigas foram transferidas, após árduas negociações com a ONU, para território bósnio.
O líder militar foi condenado a prisão perpétua pelo Mecanismo de Tribunais Criminais Internacionais (MTPI) pelo massacre e outros crimes cometidos na guerra da Bósnia, que de 1992 a 1995 opôs muçulmanos, sérvios e croatas bósnios.
Hoje, Borrell e Várhelyi acrescentaram que, 27 anos depois, "não se pode dar a paz como garantida", pois "a segurança e a estabilidade da Europa e a ordem internacional baseada em regras estão profundamente abaladas" pela invasão russa da Ucrânia.
"Os assassinatos em massa e crimes de guerra que vemos na Ucrânia trazem de volta memórias vívidas do que testemunhámos na guerra dos Balcãs Ocidentais na década de 1990. É mais do que nunca nosso dever lembrar o genocídio de Srebrenica, como parte de nossa história comum europeia", referiram.
Por isso, manifestaram o desejo de ver a Bósnia-Herzegovina "progredir na reconciliação, superando as heranças do passado, e avançar decisivamente no seu caminho para a integração na UE", onde, insistiram, "não há lugar para a negação do genocídio, o revisionismo e a glorificação dos criminosos de guerra".
"Os líderes políticos devem passar das palavras aos atos: devem escolher a verdade, a justiça e a cooperação em vez do medo e do ódio para superar as trágicas heranças do passado e construir um futuro mais brilhante e próspero para as gerações vindouras", observaram Borrell e Várhelyi, exortando os líderes bósnios a se comprometerem com a agenda de reformas da União Europeia.
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