Giuseppe Conte, líder deste movimento, revelou que os seus parlamentares não vão participar esta quinta-feira na votação do chamado "Decreto de Ajuda", que envolve um plano de 26 mil milhões de euros para aliviar os efeitos da inflação, entre outras medidas.
"O M5S é chamado para se posicionar sobre o decreto, o encontro será jogado amanhã [quinta-feira] no Senado e devemos fazê-lo de forma consistente (...) Por isso, não participaremos na votação", adiantou Conte perante os seus deputados e senadores.
Esta decisão pode desencadear uma nova crise no governo italiano, porque a votação no Senado, tal como na última segunda-feira na Câmara dos Deputados, foi proposta como uma moção de confiança no Governo, uma estratégia clássica do Parlamento italiano para acelerar a tramitação das leis, noticia a agência EFE.
O M5S não apoiará este decreto promovido pela coligação de unidade nacional liderada por Draghi, da qual faz parte desde a sua formação, em fevereiro de 2021, juntamente com os restantes partidos, à exceção do de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni.
Apesar da decisão, Conte sublinhou que isso não significa que o movimento está a abandonar a coligação, assegurando que o seu partido está "absolutamente disponível para ajudar o primeiro-ministro".
No entanto, referiu que se está a entrar "numa fase completamente nova de governo" porque estas medidas "são insuficientes".
O primeiro-ministro garantiu na terça-feira que o seu governo, nascido com o propósito de gerir a crise pandémica e terminar a legislatura em março de 2023, não faz sentido sem o M5S, vencedor das últimas eleições gerais, em 2018.
Os partidos de direita da coligação, Forza Italia de Silvio Berlusconi e Liga de Matteo Salvini, pediram a Draghi para "verificar" se este ainda tem o apoio da maioria parlamentar.
Após a declaração de Conte, Salvini considerou que se o M5S não votar o decreto esta quinta-feira, isso significará que "a maioria já não existe" e pediu uma eleição antecipada.
Esta hipótese também é apoiada por Berlusconi e pela "quarto braço" da coligação, o Partido Democrata (PD, centro-esquerda).
Na segunda-feira, após o M5S não ter votado a mesma medida na Câmara, Draghi dirigiu-se ao Presidente da República, Sergio Mattarella, algo que poderá se repetir esta quinta-feira.
Analistas apontam que as tensões dentro da coligação estão a aumentar devido à iminência da campanha eleitoral para as eleições gerais do próximo ano.
Também Giorgia Meloni, enquanto única oposição ao governo, exige sem meias medidas um avanço para eleições.
"Guerra, pandemia, inflação, pobreza crescente, receitas mais caras, aumento de matérias-primas, riscos de fornecimento de energia, crise alimentar. E o governo 'dos melhores' está imóvel. Chega, misericórdia", referiu Meloni numa publicação na rede social Twitter.
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