Prémio Rafto dos Direitos Humanos atribuído a Nodjigoto Charbonnel
O Prémio Rafto dos Direitos Humanos foi atribuído hoje ao chadiano Nodjigoto Charbonnel e à sua Associação Juventude para a Paz e Não-Violência (AJPNV) pela "corajosa luta pela abolição da tortura" no Chade e noutros locais.
© Facebook/ Nodjigoto Charbonnel
Mundo Rafto
"No contexto do autoritarismo, do terrorismo, da guerra ao terrorismo e da violência institucionalizada, e com grande risco para as suas vidas, Charbonnel e a sua equipa ajudam os sobreviventes a reconstruir uma vida após a tortura, fornecendo abrigo, apoio jurídico e reabilitação psicossocial", disse a Fundação Rafto.
Num país que conheceu numerosos conflitos armados no seu território desde a sua independência da França em 1960, a AJPNV, fundada em 2000, fornece apoio médico, psicológico e jurídico gratuito às vítimas de tortura e violência sexual.
Em 2021, o centro tratou 575 sobreviventes de tortura, de acordo com a fundação.
Um antigo engenheiro do gigante petrolífero ExxonMobil, Charbonnel, 49 anos, foi alertado para os efeitos da tortura como resultado dos maus tratos do seu pai por parte das autoridades, segundo a mesma fonte.
O seu empenho na causa levou-o a ser preso três vezes e ele e a sua família "foram molestados por agentes do Estado", de acordo com a fundação, que refere que "no Chade, a tortura é institucionalizada e utilizada como um meio político normalizado, e a rebelião é uma das poucas vias para a mobilidade social".
Desde que Mahamat Idriss Déby Itno, autoproclamado chefe de Estado após a morte do seu pai, em abril de 2021, tomou o poder, "o trabalho das associações de direitos humanos, como a AJPNV, tornou-se ainda mais arriscado. A situação dos direitos humanos deteriorou-se", disse a fundação norueguesa.
Este último "exorta o Estado chadiano a respeitar o Estado constitucional, a ratificar o protocolo contra a tortura, a levar à justiça os responsáveis por atos de tortura (...) e a assumir a responsabilidade de apoiar os sobreviventes da tortura".
O Prémio Rafto, no valor de 20.000 dólares (o mesmo montante de euros), deverá ser formalmente atribuído em 13 de novembro em Bergen, no oeste da Noruega.
Com o nome do historiador norueguês e ativista dos direitos humanos Thorolf Rafto, o prémio tem quatro anteriores vencedores -- Aung San Suu Kyi (Myanmar), José Ramos-Horta (Timor-Leste), Kim Dae-Jung (Coreia do Sul) e Shirin Ebadi (Irão) - que ganharam o Prémio Nobel da Paz, também atribuído na Noruega.
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