Presidente checo vê Sérvia, China e Turquia como "mediadores" da guerra

O presidente da República Checa, Milos Zeman, defendeu hoje que a Sérvia, China e Turquia podem atuar como mediadores, pela sua relação com Moscovo, para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

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Lusa
30/01/2023 23:49 ‧ 30/01/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"A posição de neutralidade da Sérvia, que não introduziu sanções, pode de alguma forma ser uma vantagem para um eventual papel de mediador", sublinhou Zeman, em conferência de imprensa, após um encontro com o Presidente sérvio Aleksandar Vucic.

Belgrado, candidato à adesão à União Europeia (UE), condenou a agressão russa contra os ucranianos, mas não aderiu às sanções contra Moscovo, tradicional aliado e protetor no quadro internacional na sua posição de não reconhecer a independência da sua antiga província do Kosovo.

Zeman observou que vê a Sérvia como um terceiro país para mediar o conflito, a par da China, pela sua postura equilibrada na guerra na Ucrânia, e da Turquia, pelo mérito após o acordo alcançado entre as partes em conflito para a exportação de cereais ucranianos.

O chefe de Estado da República Checa, que vai terminar o segundo e último mandato, reiterou que se arrepende de ter dado o seu consentimento, em 1999, quando era primeiro-ministro, para que aviões da NATO sobrevoassem o território checo para bombardear a Sérvia, durante o conflito entre os separatistas kosovares e o então regime autoritário sérvio.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Zeman recordou as suas tentativas frustradas de conseguir que a República Checa revogasse a decisão sobre o reconhecimento dessa independência e congratulou-se com o facto de alguns dos líderes guerrilheiros kosovares estarem a ser julgados, num tribunal especial de Haia, sob a acusação de crimes de guerra.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Presidente da Croácia critica Ocidente pela entrega de tanques a Kyiv

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