Grécia: Áudio prova ordem do chefe para ignorar vermelho. "Vá, vá"

Chefe da estação de Larissa, a cidade mais próxima do acidente, já foi detido e acusado de homicídio por negligência. Novas revelações continuam a aumentar a exasperação da população perante a falta de segurança ferroviária no país. Grécia.

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Notícias ao Minuto com Lusa
03/03/2023 10:36 ‧ 03/03/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Grécia

Um áudio, divulgado pelas autoridades gregas, revela que um dos maquinistas envolvido na colisão entre dois comboios, que na terça-feira fez pelo menos 57 mortos, foi instruído a ignorar um sinal vermelho

De acordo com a CNN Internacional, na quinta-feira foram tornadas públicas gravações e é possível ouvir, numa delas, a comunicação entre o chefe da estação de Larissa - que foi detido e acusado de homicídio por negligência- e o maquinista de um dos comboios.

"Prossiga pela saída do semáforo vermelho até a entrada do semáforo de Neon Poron", ouve-se dizer o chefe da estação, segundo cita a CNN.

"Vasilis, posso ir?", questiona o maquinista. "Vá, vá", responde-lhe o chefe.

Numa outra gravação, pode ouvir-se uma conversa entre o chefe da estação e um funcionário, na qual o o responsável diz ao trabalhador que mantenha um dos comboios na mesma linha. "Devo virá-lo [ao comboio] agora?", pergunta o funcionário. "Não, não, porque o 1564 está nessa rota", responde.

Recorde-se que, ontem, o chefe da estação foi acusado de homicídio por negligência, perturbação da segurança do tráfego de transportes e lesões corporais. De realçar que o porta-voz do governo da Grécia, Yiannis Economou, já tinha avançado que o homem tinha assumido a responsabilidade pelo acidente.

Uma investigação continua, ainda assim, em curso. Fonte judicial explicou à Agência France Presse que a investigação pretende "iniciar processos criminais, se necessário, contra membros da administração" da empresa Hellenic Train, a companhia de caminhos de ferro gregos, propriedade da empresa pública italiana Ferrovie Dello Stato Italiane (FS).

O governo fez o seu 'mea culpa' na quinta-feira sobre as falhas "crónicas" da rede ferroviária que levaram à tragédia, uma das mais graves ocorridas até hoje na Grécia.

O acidente, cujo número de vítimas pode vir a aumentar, tem levado milhares de pessoas às ruas em protesto contra a segurança ferroviária no país.

Além dos 57 mortos já confirmados, a maioria estudantes que regressavam a casa depois de um fim de semana prolongado, o acidente provocou igualmente mais de uma centena de feridos, 48 dos quais ainda se encontram hospitalizados, a maioria na cidade de Larissa.

O ministro dos Transportes grego, Costas Karamanlis, demitiu-se após o acidente e o seu substituto foi encarregado de abrir um inquérito independente para apurar as causas.

Leia Também: Grécia. Polícia faz buscas na estação ferroviária após acidente mortal

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