Os serviços de informação das Nações Unidas em Genebra também confirmaram que os seus funcionários - 800 dos quais são internacionais - não podem entrar ou sair do país devido ao conflito.
Além disso, a organização relatou que o fogo cruzado danificou um avião do Serviço Aéreo Humanitário da ONU que estava estacionado no aeroporto de Cartum, epicentro dos combates entre as forças armadas e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
"Isto pode afetar seriamente a nossa capacidade de aceder às áreas mais remotas do Sudão onde as necessidades são maiores", confirmaram em Genebra os porta-vozes da ONU, que consideraram "crucial" poder retomar o seu trabalho no país o mais rapidamente possível para ajudar as pessoas que mais precisam dele nestes momentos.
Segundo a ONU, um terço dos sudaneses - cerca de 16 milhões de pessoas - necessitavam de assistência humanitária no início deste ano, dos quais quase 3,7 milhões estavam deslocados internamente.
Até à data, a ONU e mais de 80 organizações não-governamentais têm estado presentes no país do norte de África como parte de mais de 250 programas para vários fins humanitários.
O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou hoje à cessação das hostilidades no país e instou os beligerantes a sentarem-se à mesa de negociações.
Os confrontos começaram no sábado entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, chefiadas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", que orquestraram em conjunto o golpe de 2021, mas que se tornaram entretanto inimigos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 270 pessoas morreram e cerca de 2.000 ficaram feridas desde o início da violência.
Apesar dos apelos feitos na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 no Japão, da ONU e dos EUA "para pôr fim imediato à violência", os combates continuavam na capital sudanesa.
Segundo meios de comunicação árabes, as duas partes acordaram um cessar-fogo de 24 horas, a começar ao final da tarde desta de hoje.
A violência levou milhares de pessoas a permanecerem nas suas casas ou em abrigos, com os mantimentos a esgotarem-se e vários hospitais a encerrarem os serviços.
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