Até ao momento, foi resgatado um número recorde de vítimas de tráfico humano em sete prédios na cidade de Las Pinas, na região metropolitana de Manila.
Esta situação, segundo as autoridades, indica como as Filipinas se tornaram uma base importante de operações para sindicatos do crime informático.
Os crimes informáticos tornaram-se um grande problema na Ásia, com relatos de pessoasde várias partes do mundo que foram atraídas para estes empregos, de países como Myanmar e Camboja, devastados por conflitos internos.
No entanto, muitos destes trabalhadores viram-se presos numa escravidão virtual e forçados a participar em fraudes direcionados a pessoas pela internet.
Em maio, os líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) concordaram, numa cimeira na Indonésia, reforçar os controlos de fronteira e a aplicação da lei e ampliar a educação pública para combater sindicatos criminosos que traficam trabalhadores para outras nações, onde são obrigados a participar em fraudes na internet.
O general Sydney Hernia, que lidera a unidade anticrime informático da polícia nacional filipina, disse que as forças de segurança entraram e revistaram vários prédios em Las Pinas na madrugada de hoje e resgataram 1.534 filipinos e 1.190 estrangeiros de pelo menos 17 países, incluindo 604 chineses, 183 vietnamitas, 137 indonésios, 134 malaios e 81 tailandeses.
Havia também algumas pessoas de Myanmar, Paquistão, Iémen, Somália, Sudão, Nigéria e Taiwan, segundo as autoridades.
Não é claro quantos criminosos foram detidos pelas autoridades.
Em maio, a polícia invadiu outra base suspeita de crimes informáticos no porto de Clark, na cidade de Mabalacat, na província de Pampanga, ao norte de Manila, onde encontrou cerca de 1.400 trabalhadores filipinos e estrangeiros que foram supostamente forçados a realizar fraudes com criptomoedas.
Alguns dos trabalhadores disseram aos investigadores que, quando tentaram pedir demissão, foram forçados a pagar uma quantia alta por motivos pouco claros ou temeram ser vendidos a outros sindicatos, acrescentando que os funcionários também foram forçados a pagar multas por supostas infrações no trabalho.
Os trabalhadores foram atraídos com ofertas de altos salários e condições vantajosas em anúncios na rede social Facebook, mas depois descobriram que as promessas eram um estratagema, disseram as autoridades.
O ministro indonésio Muhammad Mahfud, que lida com questões políticas, legais e de segurança, disse aos jornalistas em maio que a Indonésia e outros países da região têm tido dificuldades para trabalhar com Myanmar nesta questão.
Mahfud disse que a ASEAN precisa estabelecer um tratado de extradição regional, proposto há muito tempo, que ajudaria as autoridades a processar os infratores mais rapidamente e evitar uma nova escalada no crime informático.
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