As temperaturas na Itália estão altas há vários dias, a ponto de o governo mobilizar a Proteção Civil, vocacionada para emergências como terremotos e inundações, especialmente em Roma, procurada mais do que em outros anos por turistas estrangeiros.
"Para esses dias de calor extremo, ativámos 28 pontos sensíveis para pessoas em dificuldade, onde serão distribuídas garrafas de água e oferecido apoio, se necessário", disse Giuseppe Napolitano, chefe da Proteção Civil de Roma.
Entretanto os turistas não desanimam e com óculos escuros e chapéus na cabeça partem para os seus passeios.
Cecile e Marc são um casal de trinta anos que veio de Paris: "a nossa estratégia é sair de manhã cedo, voltar para o hotel para almoçar, dormir e sair novamente à tarde", contam à Lusa.
"É impossível estar aqui nas horas mais quentes", disseram à Lusa. Para eles, o calor de hoje nem parece excessivo. "Tenho a sensação de que Paris é mais quente que Roma. Não temos todo esse verde, não temos estas ruas estreitas que dão sombra", acrescenta Cecile.
Não muito longe da Piazza Navona, um grupo de turistas americanos entra numa chapelaria, uma loja histórica que existe desde 1860.
"Pode-se pensar que o negócio aumentou com este calor, mas não é assim. Realmente não há romanos por aí, desapareceram e os turistas já têm chapéus", disse à Lusa Andrea Troncarelli, o proprietário.
Imóvel sob o jato do ar condicionado, diz que nunca sentiu tanto calor como agora. "Talvez a do verão de 2003 tenha estado perto dele, mas ainda hoje é algo nunca visto antes. Parece o Saara", acrescenta.
Nem os gelados conseguem atenuar o calor e aliviar. Stefano, que atende no balcão de uma sorveteria artesanal mundialmente famosa, conta que houve "uma queda nas vendas desde o início de julho". "
"Os turista não gostam de ficar na rua a comer um gelado. Fogem de um museu para outro, de uma igreja para outra em busca de ar fresco", explica.
Na ponte do Castel Sant'Angelo, a poucos passos da Praça São Pedro, os vendedores de pinturas africanas foram substituídos por pequenos comerciantes de Bangladesh que vendem guarda-sóis e pequenos ventiladores portáteis.
"Acho que não vai ajudar, mas pelo menos vou recordar este dia absurdo", diz à Lusa o norte-americano Roger, 54 anos, que chegou há dias do Louisiana, nos Estados Unidos, ao entregar os seus dez euros ao vendedor em troca de um ventilador de dar corda.
Um pouco mais adiante, dois idosos com bastões e grandes mochilas de 'trekking' nos ombros, acabam de atravessar a ponte. Ela tem o rosto vermelho e pinga suor.
"Somos australianos, saímos de Canterbury, na Inglaterra, no dia 22 de abril para percorrer de pé a Via Francigena pela França, Alemanha e Itália e hoje chegámos a Roma, a San Pietro. Está um belo dia para nós", dizem à Lusa.
Ela tem 63 anos, ele 68, e já fizeram muitos outros percursos de peregrinação na Europa, incluindo o Caminho de Santiago português.
"Estamos acostumados a situações difíceis. Todos os dias nos levantamos às cinco para caminhar pela fresca e quando chega o calor, refugiamo-nos dentro de casa nas horas mais quentes e mantendo sempre as nossas garrafas de água connosco".
É um objeto que vem a calhar em Roma, considerando as 2.500 fontes públicas espalhadas pela cidade. O Município criou também uma 'app' onde indica os bebedouros mais próximos.
Do lado de fora do Coliseu, os guias fazem os grupos caminharem pelas calçadas mantidas à sombra, enquanto voluntários da Proteção Civil veem os grupos passar e verificam os seus rostos, aconselham-nos a usar chapéus e molhar a cabeça.
Antonio é um deles. Olhe para o sol e depois para o relógio. "Mais algumas horas e vai passar. Vamos torcer para que amanhã possamos respirar", diz.
Veja na fotogaleria acima as imagens que mostram como os turistas estão a lidar com esta onda de calor.
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