Sérgio Sousa Pinto comentou, na quarta-feira, o debate que aconteceu horas antes no Parlamento, e no qual a moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega foi chumbada.
"Foi das tardes mais penosas de suportar de que há memória", considerou o socialista, em declarações à CNN Portugal, explicando. "O Parlamento, em princípio, devia proporcionar um debate diferente do que esta conversa dos lençóis [...], das rimas - que é uma coisa que nunca mais desaparece da vida política. Foi o Dr. Paulo Portas que inventou as rimas. Ainda estamos no tempo do paradigma das rimas", notou.
Criticando as intervenções do recurso às rimas, Sousa Pinto apontou que o debate "foi chatíssimo". "Também não havia grande suspense em relação ao resultado final", notou. Apenas o Chega e a Iniciativa Liberal votaram favor.
Mas o comentador disse, no entanto, que apesar desta 'luz vermelha' a esta moção, a situação não tinha sido um sucesso, nem para o Governo, cujo primeiro-ministro "precisava de ter sucesso de outra natureza".
Mas, no seu entender, também não foi um sucesso para a oposição. "Também não correu especialmente bem. Nem podia - porque a oposição tem um problema. Fosse qual fosse a posição que a oposição adotasse, ia ter dificuldades. Antónia Costa diz: 'Estes cavalheiros, nem se conseguem pôr de acordo para censurar o Governo, como é que algum dia se porão de acordo para formar uma alternativa?'", apontou.
Se o resultado tivesse sido o contrário, ou seja se a oposição tivesse votado a favor da moção, Sousa Pinto aponta que António Costa estaria a dizer que ali "se pronunciava o grande pronunciamento das direitas, empoleirado no partido Chega".
Em relação particularmente ao Partido Social Democrata, Sousa Pinto aponta que é "muito difícil". "Se o PSD quer ganhar eleições não pode sacrificar o centro. As eleições ganham-se ao centro. A maior parte do PSD até pode achar graça ao estilo de oposição que faz o deputado André Ventura. Mas as pessoas que votam no chega e no PSD não são as mesmas", defendeu.
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