De acordo com a defesa de Shamima Begum, a revogação da nacionalidade foi "ilegal", tendo alegado "falhas do Estado" e das autoridades em impedir a partida da adolescente.
Nas suas alegações escritas, o advogado do Ministério do Interior, James Eadie, argumentou que "o facto de alguém estar radicalizado e poder ter sido manipulado não é incompatível com a avaliação de que representa um risco para a segurança nacional".
A apreciação deste caso vai decorrer até quinta-feira no Tribunal de Recurso de Londres.
Este processo tem sido muito mediatizado no Reino Unido, uma vez que aborda a delicada questão do regresso das famílias dos 'jihadistas' capturados ou mortos na Síria e no Iraque desde a queda, em 2019, do "califado" imposto pelo Estado Islâmico.
Agora com 24 anos e a viver num campo de refugiados na Síria, Shamima Begum contesta a perda de nacionalidade, pronunciada em 2019 pelo Ministério do Interior britânico por razões de segurança nacional.
Shamima Begum deixou Londres no início de 2015 com duas amigas em direção à Síria, onde se casou com um combatente do grupo 'jihadista', oito anos mais velho, com o qual teve dois filhos que morreram entretanto.
Em fevereiro de 2019, a jovem foi encontrada num campo de refugiados sírio por um jornalista britânico, ao qual Begum, grávida na altura, manifestou o desejo de regressar ao Reino Unido.
O ministro do Interior britânico na altura, Sajid Javid, anunciou então a decisão de lhe retirar a nacionalidade, decisão que foi confirmada no início de 2020 pela Comissão Especial de Recursos de Imigração, que decidiu que Shamima Begum não era apátrida porque podia reclamar passaporte do Bangladesh através dos seus pais.
As autoridades do Bangladesh recusaram tal solicitação.
A última decisão proferida em fevereiro sobre este processo reconheceu que existia uma "suspeita credível" de que Shamima Begum tinha sido traficada para a Síria para fins de "exploração sexual" e também que os serviços do Estado tinham cometido "falhas" ao permitir que ela viajasse para esse país.
Mas o juiz Robert Jay considerou que esta "suspeita" era "insuficiente" para que a defesa pudesse prevalecer.
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