"Conversámos muito sobre o nosso compromisso de uma solução de dois Estados. Durante a reunião decidimos acordar o desejo europeu de organizar uma conferência europeia da paz, a realizar-se em breve [...], queremos reafirmar a nossa unidade para enviar uma mensagem aos nossos cidadãos e ao resto do mundo, baseada nos nossos valores, nos tratados e valores fundamentais", disse Charles Michel, em conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.
O presidente do Conselho acrescentou que os 27 concordaram na necessidade de "combater a islamofobia e qualquer tipo de discriminação".
Em simultâneo, os chefes de Estado e de Governo analisaram como podem "reagir e agir nas próximas semanas", sobretudo em "termos humanitários": "Pode ser comida, pode ser eletricidade, medicamentos, estamos comprometidos com isso".
A proposta foi apresentada na quinta-feira aos líderes europeus pelo Governo espanhol, interinamente liderado por Pedro Sánchez, que propôs a organização de uma conferência que permita encontrar uma solução para resolver o conflito com mais de sete décadas, baseada na solução dos dois Estados (Palestina e Israel), defendida pela UE.
Charles Michel acrescentou que os líderes reafirmaram a "forte condenação" do ataque perpetrado pelo movimento islamita Hamas no dia 07 de outubro, e o direito de Israel à sua defesa e em acabar com as capacidades militares do Hamas, mas tendo sempre em conta a lei humanitária internacional, que obriga à tentativa de preservação de civis apanhados no meio do conflito.
Fontes espanholas adiantaram que a intenção é de que a conferência se realizer dentro de seis meses.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) acordaram hoje apelar a "pausas para fins humanitários" de forma a permitir a passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, após divergências sobre a terminologia.
"O Conselho Europeu manifesta a sua profunda preocupação com a deterioração da situação humanitária em Gaza e apela a um acesso humanitário contínuo, rápido, seguro e sem entraves, e a que a ajuda chegue aos necessitados através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores humanitários e pausas para fins humanitários", referem as conclusões da cimeira europeia, acordadas pelos líderes da UE.
Esta formulação de "pausas para fins humanitários", acordada entre os 27 após cerca de seis horas de discussões no Conselho Europeu que hoje começou em Bruxelas e que decorre até sexta-feira, surge depois de a versão anterior do projeto de conclusões conter a expressão "pausa humanitária", sem nunca ter estado previsto um apelo a "cessar-fogo".
O apelo para pausa humanitária em Gaza mereceu consenso entre os líderes dos Estados-membros, mas Portugal, por exemplo, já tinha admitido que preferia uma posição da UE a defender um cessar-fogo humanitário, não aceite por países como a Alemanha, revelaram fontes europeias.
Aliás, por exigência da Alemanha, acrescentou-se "fins humanitários", adiantaram as mesmas fontes.
[Notícia atualizada às 06h25]
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