Num clima de crescente tensão, chega ao fim um mês de comícios e muitas promessas, feitas pelos 19 candidatos, incluindo o atual Presidente cessante, Félix Tshisekedi, que concorrem às presidenciais.
Na quarta-feira os eleitores são chamados a eleger também deputados nacionais e provinciais e, pela primeira vez, conselheiros municipais.
Outra novidade é o facto de os eleitores democrático-congoleses residentes no estrangeiro poderem votar em cinco países.
Nas eleições presidenciais de uma volta, o chefe de Estado cessante, Félix Tshisekedi, 60 anos, concorre a um segundo mandato contra 18 candidatos de uma oposição fragmentada que não conseguiu chegar a acordo sobre um candidato comum.
Segundo os analistas, Moïse Katumbi, 58 anos, um bem-sucedido homem de negócios e antigo governador da província de Katanga (sudeste), parece ser o concorrente mais forte.
Depois vêm Martin Fayulu, 67 anos, que alega que a vitória lhe foi roubada nas eleições de 2018, e o médico Denis Mukwege, 68 anos, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em 2018 pelo seu trabalho em prol das mulheres que foram violadas.
Respeitado e conhecido em todo o mundo, mas um novato na política, Denis Mukwege tem mantido um perfil baixo nos últimos dias, e houve até rumores de que ele poderia retirar sua candidatura.
Quanto a promessas aos cerca de 100 milhões de habitantes, dois terços dos quais vivem abaixo do limiar da pobreza apesar da imensa riqueza que os recursos naturais existentes poderiam assegurar, houve-as de todos os tipos: paz, trabalho, estradas, escolas, centros de saúde.
Até ao fim, subsistiram dúvidas quanto à capacidade da Comissão Eleitoral (Céni) para organizar os quatro escrutínios num país de 2,3 milhões de quilómetros quadrados, em que a falta de infraestruturas é evidente.
Garantira entrega do material eleitoral às zonas rurais continua a ser um verdadeiro desafio.
A oito dias da votação o governo pediu apoio logístico à Missão das Nações Unidas no país (Monusco), que aceitou o pedido na sexta-feira.
Tendo em conta o passado político violento da RDCongo, onde as eleições de 2018, embora muito disputadas, marcaram a primeira mudança pacífica, a campanha eleitoral decorreu numa calma relativa.
No entanto, neste fim de semana, a organização não-governamental Human Rights Watch alertou para a violência eleitoral que "corre o risco de comprometer a realização das eleições".
O clima da campanha foi condicionado pela situação de segurança no leste do país, que registou um pico de tensão nos últimos dois anos com o ressurgimento de uma rebelião (o M23) apoiada pelo vizinho Ruanda.
Os combates acalmaram na última semana, mas os rebeldes continuam a ocupar vastas extensões de território na província de Kivu do Norte, onde os habitantes serão privados do direito de voto.
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