Falhas de eletricidade, transporte e comunicações afetam venezuelanos

A crise de serviços básicos, como eletricidade, transporte, gás e comunicações continua a afetar os venezuelanos, atingindo "níveis críticos", revelou um relatório da plataforma HumVenezuela, que analisou os efeitos da emergência humanitária em 2023.

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Lusa
17/01/2024 06:54 ‧ 17/01/2024 por Lusa

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Venezuela

"A crise energética continuou a intensificar-se em 2023, com flutuações diárias [de voltagem] e um aumento de 155,9% dos apagões (...) As dificuldades nos transportes públicos, na disponibilidade de gás doméstico e nas comunicações criaram uma realidade desafiante para a população, especialmente em regiões da Venezuela relegadas da normalização que o Estado está a tentar promover para a capital, Caracas", explicou o documento.

 O "Relatório de Acompanhamento da Emergência Humanitária Complexa na Venezuela", de 49 páginas, sublinhou a urgência de abordar estes problemas a fim de melhorar as condições de vida dos venezuelanos.

Criada em 2019, a HumVenezuela explicou que "a crise elétrica conheceu uma escalada em 2023, com uma flutuação diária constante de energia em todos os estados do país".

"A população sofre cortes de energia intermitentes e prolongados que aumentaram de forma alarmante de 25,9% para 61,9% entre 2022 e 2023. Este fenómeno é atribuído à queda de 80% da capacidade de produção de eletricidade, resultante da fragilidade do equipamento e da falta de pessoal formado", explicou.

Nesse sentido, a plataforma notou que o país passou de 147.500 apagões, em 2022, para 230.000, em 2023. Também que os estados de Mérida, Táchira, Falcón, Miranda, Zúlia e Anzoátegui foram os mais afetados e que, por isso, 67,4% da população dessas regiões incluem lâmpadas ou lanternas entre os bens necessários.

Por outro lado, o acesso a transportes públicos continua a ser um desafio para mais de 80% dos venezuelanos, que não dispõem de meios de transporte próprios. Além isso, quem tem um veículo enfrenta uma crise constante de escassez de gasolina, devido a um défice de produção interna.

O relatório precisou que a falta de autocarros operacionais foi de 70% e que 49,4% dos agregados familiares declararem que não existiam transportes públicos nas comunidades onde vivem. Também que entre 2022 e 2023 aumentou de 56,7% para 60% o número de pessoas que têm de andar a pé para realizar as atividades diárias.

Sobre o acesso ao gás doméstico, a HumVenezuela indicou que, em 2023, 87,8% da população não tinha gás direto em casa e que continua a haver uma dependência dos serviços de distribuição.

"Apesar de uma ligeira melhoria no acesso ao serviço, 36,9% dos agregados familiares referiram falhas graves no serviço de distribuição de gás doméstico. 13,5% não têm esse serviço e recorrem a outras fontes de energia, como [o uso de] lenha, gasóleo ou carvão, o que afeta a qualidade de vida e a saúde da população", indicou.

 Por outro lado, "as comunicações apresentam deficiências significativas e o telefone fixo diminuiu", tendo aumentado de 62,2% para 74,7% o número de pessoas que não contam com esse serviço.

"A Internet fixa doméstica, além de ser de qualidade deficiente, não está disponível para 51,5% dos lares", continuou.

Segundo a HumVenezuela, quase 90% dos venezuelanos usam o telefone móvel para comunicar e ligar-se à Internet, sendo que 36,3% queixaram-se sobre falhas graves de serviço.

Por outro lado, entre 20% e 30% da população não tem sinal de televisão ou rádio e 14% das pessoas referiram falhas graves no sinal.

O relatório dá conta ainda que a população enfrenta graves restrições no acesso à informação, com 46% dos meios de comunicação social encerrados e uma política de bloqueio de páginas na Internet.

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