"Hoje, o Iémen está numa encruzilhada crítica, os próximos dias determinarão o futuro de mais de 35 milhões de pessoas", afirmou o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Iémen, Arturo Pesigan, numa conferência de imprensa em Genebra, lembrando que cerca de 17,8 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária no Iémen.
O receio de um conflito mais amplo na região aumentou desde que as forças dos EUA e do Reino Unido lançaram uma série de ataques contra alvos da milícia Huthi no Iémen, em 11 de janeiro, em resposta à ofensiva dos rebeldes iemenitas contra navios mercantes no Mar Vermelho, em protesto contra a invasão israelita na Faixa de Gaza.
Pesigan deu especial ênfase às crianças iemenitas, muitas destas nascidas durante a guerra no país, que dura há quase uma década. De acordo com o responsável da OMS, pelo menos 2,4 milhões de crianças menores de cinco anos estão desnutridas, o que representa aproximadamente metade das crianças do Iémen.
Entretanto, apenas 51% das unidades de saúde estão totalmente operacionais e cerca de 29% dos hospitais em funcionamento necessitam de médicos especialistas.
Paralelamente, as doenças endémicas também assolam o país, com um total de 3.940 casos de diarreia aguda e vários casos suspeitos de cólera, com 13 mortes associadas.
Diante desta situação, o representante da OMS alertou que ainda não é possível saber até que ponto a situação atual irá afetar a saúde e o desenvolvimento do povo do Iémen a longo prazo, mas garantiu que o seu impacto "perdurará por gerações de iemenitas".
Segundo as Nações Unidas, o Iémen, em guerra desde o final de 2014 entre os Huthis e o governo iemenita reconhecido internacionalmente (apoiado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, país onde está exilado) sofre atualmente uma das maiores catástrofes humanitárias do planeta, segundo a ONU.
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