Israel defende que ultraortodoxos devem servir no Exército

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, defendeu hoje que todos os setores da sociedade israelita, incluindo os ultraortodoxos, devem ser recrutados para o serviço militar, considerando uma "necessidade nacional" durante a guerra na Faixa de Gaza.

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© Israeli Defense Minister/Anadolu via Getty Images

Lusa
28/02/2024 20:59 ‧ 28/02/2024 por Lusa

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Durante décadas, os israelitas ultraortodoxos mantiveram uma isenção quase geral do serviço militar obrigatório, caso se dedicassem a estudos religiosos.

"Para alcançar os objetivos de guerra, gerir as ameaças de Gaza, Líbano, Judeia e Samaria (Cisjordânia) e preparar-nos para ameaças emergentes do leste, precisamos de união e parceria nas decisões sobre o nosso futuro", frisou Gallant, durante uma conferência de imprensa.

O responsável pela pasta da Defesa comentou desta forma um debate acalorado que se regista neste momento em Israel e a uma questão que o Supremo Tribunal tem analisado desde segunda-feira, quando começou uma audiência para decidir sobre o assunto a pedido de diversas organizações da sociedade civil como o Movimento por um Governo de Qualidade, o grupo reservista Irmãos de Armas ou Mães na Frente, formado por familiares de militares no ativo.

Um grupo de 170 antigos generais e oficiais superiores das forças de segurança israelitas juntou-se a esta petição a favor do recrutamento de judeus ultraortodoxos, que representam 13% da população, mas são o setor que mais cresce.

A isenção militar para judeus ultraortodoxos não é uma lei, mas uma disposição executiva que é periodicamente prorrogada e existe desde o nascimento do Estado de Israel, embora existam várias decisões judiciais indicando que esta viola o princípio da igualdade que rege o lei básica israelita.

Estima-se que existam atualmente 66 mil jovens Haredi ou ultraortodoxos em idade de serviço militar, o que equivale a cinco divisões do Exército.

Gallant observou que "o fardo do serviço militar" tem sido um desafio para Israel há 75 anos, mas agora chega "num momento de guerra sem precedentes em 75 anos".

"Portanto, somos forçados a chegar a novos acordos e a tomar decisões que não tomamos há 75 anos", acrescentou.

O recurso sobre a isenção militar dos haredis continua a decorrer no Supremo Tribunal, que na segunda-feira pediu ao Governo que apresentasse argumentos sobre o porquê de uma resolução governamental, aprovada em junho de 2023 durante nove meses e que garantiu a isenção de estudantes ultraortodoxos, não deve ser anulado.

Esta instância judicial deu até final de março para o Governo apresentar seus argumentos.

O ministro da Defesa exigiu do seu governo um projeto de lei que obrigue ao recrutamento de toda a sociedade, algo "essencial para vencer a guerra".

"Esta não é uma questão partidária. Esta não é uma questão setorial. Esta é uma questão de segurança nacional da maior importância", insistiu, considerando que "todos devem suportar o fardo do serviço [militar]".

O exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza em represália pelos ataques de 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos, tendo o Hamas feito cerca de 240 reféns.

Desde então, as autoridades de Gaza registaram a morte de cerca de 30.000 palestinianos, além de mais de 400 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em consequência das ações das forças de segurança e dos ataques dos colonos israelitas.

Leia Também: Novos ataques no norte de Israel que responde com bombardeamentos

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