Num debate televisivo, o último antes da primeira volta das eleições legislativas do próximo domingo, em que a extrema-direita União Nacional (RN, do nome original em francês Rassemblement National) é claramente favorita, Attal aproveitou algumas declarações da líder do seu partido, Marine Le Pen, que relativizaram o poder de Macron nas Forças Armadas, para atacar Bardella.
“A mensagem que foi enviada é clara: se o RN vencer estas eleições, haverá uma disputa entre o Presidente (Macron) e o primeiro-ministro (eventualmente Bardella). Esta é uma mensagem muito séria para o mundo inteiro sobre a segurança da França", frisou Attal.
Bardella, cujo partido foram atribuídas ligações ao regime do Presidente russo Vladimir Putin, esclareceu, lendo a Constituição, que cabe ao Governo validar, por exemplo, os fundos que são dedicados ao Exército.
O candidato da extrema-direita anunciou que “não permitirá que o imperialismo russo absorva um Estado aliado como a Ucrânia”, mas acrescentou que a França “se protegerá de qualquer risco de escalada” desse conflito e se oporá ao envio de mísseis de longo alcance para a Ucrânia.
“Entendemos que Bardella quer desarmar a Ucrânia”, insistiu Attal.
Já o primeiro-secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, representante da frente de esquerda no debate, classificou como “tendências golpistas” o colocar em questão, como fez Bardella, o papel do Presidente da República como chefe do Forças Armadas.
Marine Le Pen já tinha questionado hoje o papel do Presidente Emmanuel Macron como comandante-chefe das forças armadas e defendeu que algumas decisões sobre defesa cabem ao primeiro-ministro.
Le Pen tem dito repetidamente que Jordan Bardella, seu protegido e principal líder do partido RN será primeiro-ministro em caso de vitória.
O ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, reagiu de imediato à entrevista e escreveu nas redes sociais que “a Constituição não é honorífica”, segundo a agência francesa AFP.
O texto constitucional estabelece que “o Presidente da República é o chefe das forças armadas”, e preside aos conselhos e comités superiores da defesa nacional, mas também que “o primeiro-ministro é responsável pela defesa nacional”.
Constitucionalistas afirmam que o papel exato do primeiro-ministro na política externa e de defesa parece estar sujeito a interpretações, segundo a AP.
Da última vez que a França teve um primeiro-ministro e um presidente de partidos diferentes, os dois concordaram em geral em questões estratégicas de defesa e política externa.
Desta vez, poderá ser muito diferente, dada a animosidade entre extrema-direita e extrema-esquerda, e o ressentimento de ambos os campos para com o Presidente centrista e amigo dos empresários, referiu a AP.
A primeira volta terá lugar no domingo e a segunda, e decisiva, realiza-se uma semana mais tarde, em 07 de julho.
Macron convocou eleições antecipadas na sequência da derrota do seu partido, Renascimento, nas europeias, em que se ficou por metade da percentagem de votos do RN.
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