Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo Alexei Navalny, afirmou, esta quinta-feira, que sentiu "alívio e felicidade" ao saber da troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente, a maior desde a Guerra Fria, mas também "amargura" por ter acontecido seis meses após a morte do marido, que deveria ter sido um dos detidos libertados.
"Há muito tempo que não sentia tanto alívio e felicidade. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me muito, muito amargurada", afirmou num vídeo publicado no Youtube, citada pela agência de notícias Reuters.
Dias após a morte do opositor russo, a sua assessora, Maria Pevchick, afirmou que as autoridades russas o tinham assassinado porque "estava prestes a ser libertado" em troca de Vadim Krasikov, um assassino dos serviços de segurança russos, que cumpre pena de prisão perpétua na Alemanha.
"Nessa altura, muitas pessoas pensavam que era impossível, que tínhamos inventado. Mas agora é tudo extremamente óbvio", recordou Yulia no vídeo publicado esta quinta-feira. "Putin concordou realmente em entregar os presos políticos em troca de espiões e assassinos, e isso aconteceu. Mas não para Alexei."
Записала видео про обмен. Поделитесь им, пожалуйста. Рассказала, что чувствую. Для меня эти дни были сложными - огромная радость вперемешку с болью.
— Yulia Navalnaya (@yulia_navalnaya) August 8, 2024
Но главное: невиновные люди оказались на свободе. Это стоит любых усилий, и мы не должны останавливаться https://t.co/zOe2LUi01c
Sublinhe-se que o conselheiro para a segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, confirmou que os Estados Unidos trabalharam para a libertação do opositor russo. "Trabalhámos com os nossos parceiros para um acordo que teria incluído Alexei Navalny mas, infelizmente, ele morreu", afirmou.
A Federação Russa e vários Estados ocidentais trocaram 26 prisioneiros, na passada quinta-feira, 1 de agosto, numa operação coordenada pela Turquia. Do total de libertados, dez, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os Estados Unidos.
A troca aconteceu cerca de seis meses após a morte de Alexei Navalny, que morreu subitamente a 16 de fevereiro, um mês antes das eleições presidenciais de 17 de março em que Putin era o candidato favorito, depois de ter dado um passeio na penitenciária IK-3 na cidade ártica de Jarp (distrito autónomo de Yamalo-Nenets).
A oposição russa acusa o Kremlin de estar por trás da sua morte, enquanto Putin afirma que esta resultou de causas naturais.
Leia Também: Tribunal russo rejeita recurso contra detenção de viúva de Navalny