"Poderia ter permanecido no odre se tivesse deixado São Martinho e a Baía de Bengala para os Estados Unidos" da América (EUA), disse Sheikh Hasina numa mensagem transmitida aos seus apoiantes da Liga Awami e replicada por meios de comunicação social indianos, como o The Print.
O comentário da líder surge num contexto de tensas relações com os EUA e alguns supostos planos de estabelecimento de uma base aérea na baía de Bangladesh, feitos recentemente por Sheikh Hasina, segundo o jornal.
Esta foi a primeira mensagem após a sua demissão, na última segunda-feira, após semanas de protestos e mais de 400 mortes. Sheikh Hasina também garantiu que abandonou o poder "para não testemunhar o número de mortes que os radicais queriam atingir através da violência".
"Eles queriam ganhar o poder sobre os cadáveres dos estudantes, mas eu não permiti, demitindo-me. Eu poderia ter permanecido no poder entregando a soberania da ilha de São Martinho, permitindo aos EUA o controlo da baía de Bengala. [...] Exorto aos meus compatriotas a não se deixarem enganar pelos radicais", relatou o The Economic Times.
A ex-primeira-ministra, conhecida como 'a dama de ferro' do Bangladesh, também expressou o seu pesar pela alegada morte de vários líderes da Liga Awami e pelo assédio aos seus apoiantes após a sua demissão.
"A Liga Awami tem dado a cara uma e outra vez. Rezarei para sempre pelo futuro do Bangladesh, a nação pela qual o meu pai lutou e o país pelo qual a minha família deu a vida", acrescentou.
Sheikh Hasina renunciou ao cargo e fugiu do país no dia 05, após semanas de protestos no Bangladesh, que começaram com um movimento estudantil contra um sistema de quotas para empregos públicos considerado discriminatório.
No entanto, a espiral de violência causada pela repressão policial apoiada pelos seguidores da Liga Awami e pela resposta dos estudantes, transformou-se num movimento massivo que deixou mais de 400 mortes e pôs fim ao Governo.
Enquanto a ex-governante se encontra na vizinha Nova Deli, o Bangladesh tem um novo Governo interino liderado pelo prémio Nobel Muhammad Yunus, que tem como desafio devolver a estabilidade ao país asiático marcado pela revolta e pelos 15 anos de governação de Sheikh Hasina.
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