Governo do Bangladesh anuncia julgamentos rápidos das mortes em protestos

O governo provisório do Bangladesh, liderado pelo prémio Nobel Muhammad Yunus, anunciou várias medidas para restabelecer a ordem, incluindo o julgamento rápido das mortes durante os protestos estudantis que levaram à demissão da primeira-ministra Sheikh Hasina.

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© Niamul Rifat/Anadolu via Getty Images

Lusa
11/08/2024 13:09 ‧ 11/08/2024 por Lusa

Mundo

Bangladesh

A decisão foi tomada numa reunião especial dos membros do governo provisório, disse o conselheiro para a Justiça e Assuntos Parlamentares, Asif Nazrul, segundo noticia o diário Prothom Alo do Bangladesh.

 

De acordo com o jornal, o grupo de conselheiros que tomou posse após a demissão de Hasina, na sequência de vários dias de vazio de poder, decidiu igualmente retirar as queixas apresentadas durante os protestos em que centenas de manifestantes foram detidos.

A lei prevê igualmente a libertação das pessoas detidas em centros de correção juvenil por causa dos protestos e a retirada das acusações formuladas ao abrigo da lei antiterrorismo e da lei sobre a cibersegurança contra as pessoas que participaram nas manifestações contra Hasina.

O governo interino, que assumiu o controlo do país na passada quinta-feira à noite, recebe uma nação dividida e gravemente afetada por semanas de protestos, violência e repressão que deixaram pelo menos 400 mortos, segundo um balanço elaborado pela agência de notícias EFE.

Uma centena de mortos foi registada mesmo após a demissão de Hasina, em aparentes confrontos entre fações políticas ou contra minorias religiosas.

Numa entrevista concedida hoje ao diário do Bangladesh, o conselheiro do governo para os assuntos internos, Sakhawat Hossain, disse que a situação de ordem pública voltará ao normal nos próximos três a quatro dias.

"No entanto, a situação continua a ser complicada", admitiu.

A administração está também a sofrer uma onda de demissões de alto nível, a começar pelo poder judicial, com altos funcionários a demitirem-se sob a acusação de ligações ao governo deposto.

Na sequência da demissão do presidente do Supremo Tribunal, no sábado, após um ultimato dos estudantes em protesto, cinco outros juízes da Divisão de Apelo do Supremo Tribunal demitiram-se dos seus cargos.

Sheikh Hasina deixou o poder e fugiu do país no dia 5, após semanas de protestos no Bangladesh, que começaram com um movimento estudantil contra um sistema de quotas para empregos públicos considerado discriminatório.

A espiral de violência causada por uma repressão policial apoiada por apoiantes da Liga Awami e a resposta dos estudantes transformou-se num movimento que expulsou do poder a "dama de ferro" do Bangladesh.

Leia Também: Sheikh Hasina rompe silêncio e acusa EUA pela queda do seu governo

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