Esta reunião à porta fechada tem como pano de fundo as tensões muito elevadas na guerra que começou há 10 meses entre Israel e o Hamas, com poucos progressos num possível cessar-fogo, a morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, e as ameaças do Irão de retaliar contra Israel.
Abbas e Erdogan discutiram "os massacres cometidos por Israel nos territórios palestinianos", bem como os "passos necessários para um cessar-fogo permanente e para a paz" durante o encontro no palácio presidencial, segundo o gabinete de Erdogan.
O Presidente turco denunciou o comportamento de Israel na guerra desencadeada pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023, tendo qualificado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de "carniceiro de Gaza".
Os Estados Unidos, a União Europeia e Israel consideram o Hamas uma organização terrorista, mas Erdogan qualifica-o de "movimento de libertação" e criticou o Ocidente pela sua incapacidade de pressionar Israel para pôr fim ao conflito.
Durante o encontro com Abbas, Erdogan voltou a criticar o silêncio de alguns países ocidentais face ao número crescente de mortos em Gaza, uma situação inaceitável, segundo a Presidência turca.
Acrescentou que todos os países, em particular os países muçulmanos, devem intensificar esforços para conseguir um cessar-fogo imediato em Gaza e assegurar a distribuição ininterrupta de ajuda humanitária aos palestinianos, segundo a mesma fonte.
Abbas, cuja visita tem uma duração prevista de dois dias, acaba de chegar de Moscovo, onde manteve conversações com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Na quinta-feira, deverá dirigir-se a uma sessão especial do Parlamento em Ancara dedicada aos palestinianos.
Erdogan tinha laços estreitos com o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto a 31 de julho, em Teerão, num ataque atribuído a Israel.
Por outro lado, as relações com Abbas, que preside à Fatah, o movimento rival do Hamas, têm sido mais tensas nos últimos tempos: no mês passado, durante um discurso público em Rizé, no Mar Negro (nordeste), o chefe de Estado turco exigiu-lhe "um pedido de desculpas".
"Abbas não veio, apesar de o termos convidado. Ele devia pedir-nos desculpa", disse, sem dar pormenores sobre o convite. "Nós convidámo-lo, vamos esperar para ver se ele pode vir", acrescentou na altura.
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