Irão apoiará qualquer acordo que Hamas aceite nas negociações com Israel

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, afirmou hoje que o seu país apoiará qualquer acordo que o grupo islamita palestiniano Hamas aceite nas negociações com Israel, em Doha, no Qatar.

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© Hasan Tosun/Anadolu Agency/Getty Images

Lusa
26/08/2024 18:18 ‧ 26/08/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Qualquer acordo que os nossos amigos da resistência palestiniana e o Hamas aceitem" será apoiado pelo Irão, disse Araqchi numa reunião com o primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed bin Abderrahman, de visita a Teerão, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano em comunicado.

 

O chefe da diplomacia iraniana sublinhou que o Irão saúda os esforços do Qatar para "cessar imediatamente a guerra e os crimes cometidos pelos sionistas (Israel) em Gaza e alcançar um cessar-fogo" na Faixa de Gaza, desde 7 de outubro do ano passado palco de uma guerra que já fez mais de 40.400 mortos, segundo as autoridades locais.

No entanto, as negociações ao mais alto nível de Doha, que visam pôr fim ao conflito sob a mediação do país anfitrião, do Egito e dos Estados Unidos, terminaram no domingo sem resultados.

As conversações decorreram no contexto de uma escalada de tensões entre Israel e o grupo islamita xiita libanês Hezbollah, com uma troca de fogo de artilharia pesada no dia anterior, e enquanto o mundo aguarda uma eventual retaliação iraniana pelo assassínio do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, a 31 de julho em Teerão.

A República Islâmica do Irão, inimiga figadal de Israel, lidera o chamado "Eixo da Resistência", uma aliança anti-israelita informal que inclui o Hamas, o Hezbollah e os rebeldes hutis do Iémen, entre outros grupos.

Hoje, o Irão saudou o ataque levado a cabo no domingo pelo seu aliado libanês Hezbollah contra posições israelitas, afirmando que Israel perdeu o seu "poder ofensivo e dissuasor".

O movimento xiita libanês anunciou no domingo que tinha lançado centenas de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) e 'rockets' contra Israel para vingar a morte de um dos seus chefes militares, Fuad Shokr, num ataque israelita em Beirute a 30 de julho.

Na sequência desta operação, "os equilíbrios estratégicos sofreram alterações fundamentais em detrimento" de Israel, escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, na rede social X (antigo Twitter).

O Exército israelita "perdeu o seu poder ofensivo e dissuasor" e deve agora "defender-se de ataques estratégicos", acrescentou o porta-voz do MNE iraniano.

O Exército israelita não comunicou a existência de quaisquer vítimas dos ataques do Hezbollah, referindo apenas "danos menores", como incêndios, e afirmou ter frustrado um ataque em grande escala do grupo xiita armado e financiado pelo Irão, ao levar a cabo vários ataques no Líbano.

Israel "pode tentar esconder, distorcer ou censurar determinados factos sobre as operações do Hezbollah, mas sabe muito bem que os factos não mudarão", prosseguiu Kanani.

O porta-voz do parlamento iraniano, Mohammad-Bagher Ghalibaf, saudou também no domingo a operação do Hezbollah, sublinhando que ela "tinha atingido com êxito instalações militares e de informações sensíveis" em Israel.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita a 7 de outubro, têm-se registado trocas de fogo quase diárias entre o Hezbollah e o Exército israelita na fronteira israelo-libanesa.

As tensões agravaram-se nas últimas semanas, alimentando o receio de um alastramento do conflito a toda a região do Médio Oriente.

A comunidade internacional teme uma escalada militar regional entre o Irão e os seus aliados, de um lado, e Israel, do outro, enquanto a guerra na Faixa de Gaza prossegue sem fim à vista.

Leia Também: MNE britânico apela a que se evite "a todo o custo" escalar conflito

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