Guterres vê explosões no Líbano como "sério risco" de escalada com Israel
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou hoje que as recentes explosões de dispositivos no Líbano representam a confirmação de um "sério risco" de escalada no conflito entre o movimento xiita libanês Hezbollah e Israel.
© Dursun Aydemir/Anadolu via Getty Images
Mundo Médio Oriente
"A lógica de explodir todos estes dispositivos é fazê-lo como um ataque preventivo antes de uma grande operação militar. Esta é a indicação que confirma que existe um sério risco de uma escalada dramática no Líbano e tudo deve ser feito que seja evitada ", disse Guterres durante uma conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.
Na terça-feira, a explosão de milhares de 'pagers' no Líbano provocou pelo menos 12 mortos e cerca de 2.800 feridos, incluindo membros do grupo pró-iraniano.
Hoje pelo menos nove pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas na sequência de uma segunda vaga de detonações que envolveu 'walkie-talkies', anunciou o Ministério da Saúde Pública libanês.
Também hoje foram relatadas explosões de painéis solares em várias zonas da capital libanesa, Beirute, e no sul do Líbano. Estes incidentes provocaram pelo menos um ferido, uma menina, segundo informações preliminares.
Na mesma conferência de imprensa, o líder das Nações Unidas insistiu que "objetos civis" não devem ser transformados em armas.
Envolvidos num conflito fronteiriço desde o início da guerra em Gaza, em outubro passado, o movimento xiita libanês acusa Israel de estar por detrás destes incidentes. Telavive apenas comentou que acompanha a situação no país vizinho e não assumiu responsabilidade pelas explosões.
"A relação entre o que está a acontecer no Líbano e o que está a acontecer em Gaza é óbvia desde o início. Ou seja, o Hezbollah tem sido muito claro ao dizer que lançou as suas operações por causa do que está a acontecer em Gaza e que irá parar quando existir um cessar-fogo em Gaza", acrescentou o ex-primeiro-ministro português.
Durante a conferência de imprensa, Guterres repetiu que a comunidade internacional vive hoje numa situação em que "os conflitos se multiplicaram e reina o sentimento de impunidade".
"Quero dizer que qualquer país ou qualquer entidade militar, milícia ou o que quer que seja, sente hoje que pode fazer o que quiser, porque nada lhe vai acontecer", afirmou.
Após a conferência de imprensa, o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, emitiu um comunicado indicando que o secretário-geral da ONU está profundamente alarmado com os relatos acerca do grande número de dispositivos de comunicação que explodiram no Líbano, assim como na Síria.
O secretário-geral instou todos os atores envolvidos a exercerem o máximo de contenção para evitar qualquer nova escalada.
"O secretário-geral insta as partes a comprometerem-se novamente com a implementação total da resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança e a retomarem imediatamente à cessação das hostilidades para restaurar a estabilidade. A ONU apoia todos os esforços diplomáticos e políticos para acabar com a violência que ameaça engolir a região", concluiu a nota.
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