"Não temos o luxo de ver o setor do turismo simplesmente como uma indústria; pelo contrário, é uma passagem para a prosperidade económica, trocas culturais e desenvolvimento sustentável e tem grande potencial", disse Claver Gatete durante o lançamento oficial do Plano de Turismo Sustentável da Autoridade Intergovernamental sobre o Desenvolvimento (IGAD) na África Oriental, em Adis Abeba.
"Os complexos desafios macroeconómicos, climáticos e de acesso ao financiamento que África enfrenta hoje requerem que todos alavanquemos os nossos recursos para o desenvolvimento económico", defendeu o também secretário-geral adjunto das Nações Unidas, acrescentando que "o diminuto espaço económico que coloca 40% dos países em sobre-endividamento ou em risco de sobre-endividamento é ainda agravado por eventos climáticos imprevisíveis que eliminam uma média de 5% do PIB [Produto Interno Bruto] todos os anos".
O turismo, apontou Gatete, é também uma "fonte significativa de criação de emprego para os jovens africanos", o que é particularmente importante num contexto de altas taxas de desemprego no continente, mas para além disso representa também uma importante fonte de receita para os governos.
Em África, "atingimos 92% do nível de turistas pré-covid em 2023, e o mercado de turismo africano deverá registar receitas de 23,37 mil milhões de dólares [quase 21 mil milhões de euros], um aumento de 7,5%", sublinhou, lembrando que os países da região da IGAD (Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quénia, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Uganda) "estão numa posição única para beneficiar desta previsão de crescimento".
No discurso, Gatete reconheceu que as riquezas naturais da região não chegam, e que é preciso "ações intencionais para desbloquear as capacidades do setor turismo que tragam crescimento sustentável e desenvolvimento", elencando o desenvolvimento das infraestruturas, os sistemas de transportes, melhorias na conectividade, incluindo banda larga no acesso à internet, hotéis, infraestruturas para conferências e melhor capacidade energética, entre outros.
Aproveitar o acordo de livre comércio continental, alavancar o potencial produtivo do setor privado e apostar nas parcerias são algumas das recomendações de Gatete aos governos, que assim poderiam concorrer com os principais destinos turísticos a nível mundial.
"Não há razão para não podermos competir com a Torre Eiffel, em França, ou com a Estátua da Liberdade, nos Estados Unidos", defendeu, concluindo que "a reunião de hoje não é apenas sobre o lançamento de um plano, mas sim uma coligação de acionistas, das lideranças políticas aos atores do setor privado, e com parceiros regionais e internacionais, em que todos têm um papel a desempenhar para concretizar esta visão".
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