Ataque do Hamas é resultado de 30 anos de ocupação israelita

 A Autoridade Palestiniana (AP) argumentou hoje que os ataques do Hamas a Israel em 2023 foram consequência de anos de ocupação israelita, apontando que continua impune de violações ao direito internacional e crimes contra a Humanidade.

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© Dawoud Abo Alkas/Anadolu via Getty Images

Lusa
25/11/2024 14:18 ‧ 25/11/2024 por Lusa

Mundo

Palestina

Numa entrevista à agência Lusa, em Lisboa, a ministra de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dos Expatriados Palestinianos, Varsen Aghabekian Shahin, defendeu que o que a população palestiniana tem sofrido tem como raiz a ocupação israelita que, se não tivesse acontecido, tudo seria diferente.

 

"Tudo o que nós, como palestinianos, temos sofrido é resultado da causa raiz, que é a ocupação. Se não tivesse havido uma ocupação, as coisas certamente teriam sido diferentes. Então, se quisermos resolver alguma coisa na arena palestiniana, precisamos de enfrentar a causa raiz. Precisamos de enfrentar a ocupação israelita", argumentou.

Para Shahin, que se encontra em Lisboa para participar no Fórum da Aliança das Civilizações, nos anos 1990, os palestinianos "estenderam os braços em direção à paz e forjaram um acordo de paz, em que era esperado que levasse aos dois Estados.

"Isso não aconteceu. O que vimos foi uma ocupação encorajada nos últimos 30 anos. E a impunidade de que Israel tem desfrutado, violando o direito internacional e cometendo crimes contra o povo palestiniano, é o que nos levou onde estamos hoje", sublinhou Shahin, que, indiretamente, responsabiliza também Israel pela divisão, em 2007, entre o Hamas, movimento de resistência islâmica, e a Fatah, que chefia a Autoridade palestiniana (AP) na Cisjordânia. 

Questionada pela Lusa sobre as recentes conversas entre os dois movimentos -- o Hamas e a Fatah começaram a desentender-se a partir de 2005, após a morte, um ano antes, do líder histórico palestiniano Yasser Arafat --, que se separaram em 2007, a chefe da diplomacia da AP mostrou-se confiante em que as duas partes voltem a entender-se.

Acho que estamos a caminhar na direção de conversas e de entendimentos. Talvez não a ponto de acabar com a divisão, mas estamos a andar na direção certa, porque acho que se quisermos enfrentar o mundo, precisamos de o fazer de forma unificada. E depois de todas as atrocidades cometidas em Gaza, é hora de acabarmos com essa divisão e de seguir em frente", argumentou.

Sobre a impunidade de Israel na cena internacional, nomeadamente em relação dos tribunais Internacional de Justiça (TIJ) e Penal Internacional (TPI), tendo este último emitido um mandado de captura ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a diplomata palestiniana não se mostrou surpreendida com a atitude de Telavive.

"Isso era esperado. Se se olhar para a tendência de como Israel estava a aceitar o que quer que saísse da comunidade internacional, ninguém ficaria surpreendido. Mas hoje, a comunidade internacional disse a sua palavra e disse que isso não pode continuar e que Israel é responsável. E nesse sentido, há monitoramento, há responsabilização, há responsabilidade. É o maior teste para a comunidade internacional ver como eles executarão as decisões que saíram dos mais altos tribunais internacionais do mundo", respondeu.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita a 07 de outubro de 2023, onde deixou cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e levou perto de 250 reféns.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 44 mil mortos, igualmente na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e um desastre humanitário.

 

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