"A China é o nosso segundo parceiro comercial mais importante. 5.000 empresas alemãs mantêm mais de um milhão de postos de trabalho na China. E o inverso também é verdade: a União Europeia continua a ser o mercado mais importante para a China. Temos interesses complementares", afirmou Baerbock, numa conferência de imprensa, após a sétima ronda do Diálogo Estratégico China - Alemanha sobre Diplomacia e Segurança, na capital chinesa.
No entanto, a ministra afirmou que "existem regras comuns" que devem ser respeitadas, "especialmente numa altura em que algumas pessoas querem derrubar pontes no comércio internacional".
"O que nos une é que nem a China nem nós, na Europa, somos a favor de uma guerra comercial", afirmou.
Após o encontro com o seu homólogo chinês, Wang Yi, a chefe da diplomacia alemã afirmou que os europeus não se podem dar ao luxo de "aceitar excesso de capacidade ou distorções unilaterais do mercado em nosso detrimento".
Segundo Baerbock, "a igualdade de condições, a concorrência leal e as condições de mercado recíprocas são elementos essenciais".
"Quero sublinhar mais uma vez que não queremos desvincular-nos ou dissociar-nos da China. Mas também não somos ingénuos. Queremos proteger os nossos empregos e a nossa indústria na Europa. Queremos jogar limpo. Por isso, se houver carros elétricos altamente subsidiados a inundar o mercado europeu, temos de reagir. Porque se trata de jogar em condições de igualdade", afirmou.
Baerbock acrescentou que a Europa quer "chegar a uma solução amigável" com Pequim e que "Berlim apoia essa solução".
"A questão não está apenas nas mãos da Europa, está também nas mãos do Governo chinês. E outra questão que também está intimamente relacionada com a competitividade económica é o respeito pelos Direitos Humanos. Sublinhei [a Wang Yi] que seria importante retomarmos o fórum de diálogo germano - chinês e o diálogo sobre Direitos Humanos", sublinhou.
O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou, em comunicado que, durante a reunião, Wang reiterou a posição da China de que as taxas alfandegárias da UE "violam os princípios da concorrência leal e do comércio livre".
Nos últimos meses, as equipas técnicas da UE e da China têm-se reunido para encontrar uma solução para taxas com um plano de compromisso de preços, até agora sem sucesso, mas Wang apelou hoje a novas negociações: "Devemos tratar adequadamente os litígios comerciais através do diálogo e da consulta", afirmou.
O diplomata chinês acrescentou esperar que a Alemanha e a UE vejam "o desenvolvimento da China de forma objetiva e racional" e adotem uma "política positiva e pragmática em relação à China".
Desde outubro, a UE aplicou taxas alfandegárias adicionais até 35,3% sobre os veículos elétricos importados da China.
A China retaliou com medidas 'antidumping' provisórias sobre o brandy europeu e lançou outras investigações sobre produtos como os laticínios e a carne de porco da UE.
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