A seleção foi feita por um júri internacional com elementos da Polícia Judiciária de Portugal e Cabo Verde e do projeto das Nações Unidas de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado internacional, num concurso financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Como salientou o diretor nacional da PJ da Guiné-Bissau, Domingos Correia, na cerimónia de abertura do curso, os 90 formandos foram recrutados entre mais de 3.800 candidatos num "concurso exigente, rigoroso" e "inovador na organização".
O concurso foi supervisionado por um júri de parceiros internacionais e teve, também, um âmbito internacional, o que "permitiu que cidadãos guineenses espalhados pelo mundo pudessem candidatar-se".
Para o diretor nacional da PJ, este processo vem "mostrar que é possível aceder ao serviço público através do mérito" e representa o compromisso desta polícia "para a construção de um sistema judicial mais robusto e eficiente" na Guiné-Bissau.
Domingos Correia explicou que a PJ guineense "está a passar por um momento de reforma institucional" e que "esta formação é fundamental para a expansão para o interior do país" da polícia de investigação criminal.
O diretor alertou que a PJ enfrenta "desafios significativos" com "reduzidos recursos orçamentais e carência de sede própria", o que leva à fuga de agentes.
Domingos Correia dirigiu-se ao chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidiu à cerimónia de abertura deste que é o segundo curso de formação de agentes de investigação criminal, para pedir "justiça laboral e igualdade de tratamento" e que dê continuidade ao concurso para preenchimento de vagas.
O OPresidente garantiu que pode "continuar a contar com o apoio incondicional da Presidência da Republica para que seja dotada de mais recursos humanos, técnicos e financeiros".
Sissoco Embaló defendeu que a estabilidade do país "só se atinge com agentes formados" e apontou como "sérias ameaças à segurança nacional, o crime organizado e o tráfico de drogas".
O chefe de Estado destacou a corrupção que, considerou, "tornou-se um flagelo" na Guiné-Bissau e que "exige uma resposta muito firme", desafiando a PJ a "assumir plenamente as suas responsabilidades nesse combate".
O Presidente dirigiu-se aos novos agentes para realçar que a PJ "é uma poliícia específica e muito especial" e que cada um deles "é um soldado da República e não de partidos políticos".
Sissoco Embaló disse para atirarem com os cartões de militância política, considerando que "foi isso que levou à queda" das instituições guineenses.
"Cada partido que chega tem o seu diretor da PJ e isso não vai acontecer mais. Não podemos politizar todas as instituições", afirmou.
Portugal é um dos parceiros da Guiné-Bissau na formação dos agentes e o embaixador, Miguel Cruz Silvestre, referiu o empenho conjunto para tornar esta força de segurança "capaz de fazer face aos desafios".
Para o diplomata, a segurança é um fator fundamental do desenvolvimento económico, quer seja ao nível do turismo ou dos investimentos em negócios.
A coordenadora residente do sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Geneviève Boutin, realçou o impacto da capacitação desta polícia para a segurança e estabilidade da Guiné-Bissau.
A responsável apontou os "desafios complexos" como o tráfico de droga, crime organizado internacional, tráfico de pessoas e corrupção e como exemplo do sucesso do trabalho desta polícia "a apreensão histórica de 2,6 toneladas de droga" num avião no aeroporto de Bissau, em setembro.
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