A espanhola Carmen Mora é apenas uma das muitas mulheres que decidiu deixar de cozinhar no Natal para poder usufruir de mais tempo em família.
Todos os anos era a mesma coisa. Chegava o Natal, a Passagem de Ano, o dia dos Reis e ao invés de usufruir, tal como todos os outros convidados da sua casa, Carmen passava os dias enfiada na cozinha a garantir que não faltava nada na mesa de Natal.
Há sete anos, fartou-se de passar mais tempo na cozinha do que com a sua família e decidiu dizer: "basta!".
Carmen fazia parte do total de 71% das mulheres que sofre do que se chama de "carga mental", termo utilizado pela primeira vez pela socióloga Susan Walzer para referir-se ao acumular de tarefas que muitas mulheres assumem no seu dia a dia. Mas decidiu sair da contagem.
Segundo conta a própria, numa primeira tentativa tentou mudar os hábitos da família e pedir que cada uma dos seus filhos trouxesse um prato de casa já feito para a ajudar na organização das refeições em família. A tentativa, porém, não correu bem. "Todos diziam: mas a tua comida é tão boa" ou "mas tu fazes tudo tão bem".
Tomou então uma segunda decisão: começar a comprar comida já feita. Carmen, hoje com 77 anos, revela que não foi fácil 'sair' de um lugar tão seu, mas depois de encontrar um espaço de confiança, com comida que gosta, revela que não está nada arrependida.
"Agora posso sentar-me à mesa e usufruir também", partilha com o La Vanguardia.
"Há muitas tarefas que nos são impostas por sermos mães e mulheres e que acabamos por assumir. Não é apenas a comida. É o querermos estar com os filhos e netos, queremos fazer atividades, o não tirarmos mais férias do que as necessárias. Tudo isto se acumula e não temos consciência de todos os encargos que estão por detrás desta organização", afirma a psicóloga María Ángeles Chamizo, referindo que é diferente estarmos cansados por algo que quisemos fazer, ou estar esgotado por coisas que nos sentimos obrigados a fazer.
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