A queda, a 01 de novembro do ano passado, da cobertura de betão da estação ferroviária de Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, desencadeou o maior movimento de protesto dos últimos anos no país.
Os manifestantes consideram que o acidente foi o resultado da corrupção, apesar de a estação ter sido restaurada recentemente.
Na capital da Sérvia, vários estabelecimentos comerciais, nomeadamente cafés e restaurantes, responderam ao apelo dos manifestantes e não abriram ao público hoje de manhã.
Após semanas de manifestações semanais, quase sempre à sexta-feira, os estudantes, que assumiram a liderança do movimento, apelaram à greve geral marcada para hoje.
"Greve geral", "A mudança vem connosco", "As vozes dos estudantes são as vozes da mudança", "O sistema está a mentir-vos" são algumas das palavras de ordem dos manifestantes gritadas hoje pelos jovens em Belgrado antes de terem sido cumpridos 15 minutos de silêncio, em memória das 15 vítimas mortais.
Ao meio-dia (11h00 em Lisboa), ainda não havia dados disponíveis sobre o número de grevistas a nível nacional.
Muitos estabelecimentos de ensino permaneceram encerrados porque os professores fizeram greve ou porque os pais decidiram não enviar os filhos à escola.
Os advogados também fizeram greve tal como vários funcionários de teatros e de cinemas.
Num sinal da polarização que o país enfrenta, algumas dezenas de cafés e restaurantes anunciaram que permaneceriam abertos e ofereceriam café e algumas refeições, naquilo que os jornais apontados como próximos do Governo descreveram como um movimento contra a greve.
Os transportes públicos funcionaram normalmente durante a manhã, assim como o fornecimento de eletricidade e gás.
As principais reivindicações são a publicação de todos os documentos e contratos relacionados com a renovação da estação de Novi Sad, um aumento do orçamento para as universidades, o fim dos ataques aos manifestantes e a total transparência na investigação do acidente de Novi Sad.
O Governo e o Presidente, Aleksandar Vucic, publicaram alguns dos documentos e anunciaram aumentos para os professores e para os orçamentos das universidades, afirmando que tinham respondido às exigências.
O Executivo acusou também os estudantes de serem "agentes de estrangeiros" e promoveu para hoje à tarde uma contra manifestação em Jagodina, no centro da Sérvia.
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