Este anúncio surge um dia depois de uma decisão semelhante das autoridades da região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, ilustrando a situação dramática do Exército ucraniano, que perde terreno diariamente após quase três anos de invasão russa.
"Decidimos iniciar a retirada obrigatória de famílias com crianças" em 25 pequenas localidades situadas perto da cidade de Pokrovsk, o principal alvo do Exército russo nesta zona, e em torno da aldeia de Komar, mais a sul, escreveu o governador da região de Donetsk na plataforma digital Telegram.
No total, 110 crianças vivem ainda nesse setor, indicou o governador, Vadym Filachkin.
"Hoje, quando o inimigo intensificou o bombardeamento da região de Donetsk e as pessoas estão a sofrer e a morrer todos os dias, peço aos pais que encarem a retirada de forma muito responsável", instou o governador no comunicado.
"As crianças devem viver em paz e sossego e não ter de se proteger de bombardeamentos", acrescentou.
As tropas russas, mais bem armadas e mais numerosas que os soldados ucranianos, avançam há mais de um ano na frente Leste, tendo a sua progressão acelerado fortemente desde o outono passado, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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