Citado pela agência de notícias EFE, o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, afirma que a indemnização, que totaliza 145,9 milhões de dólares (141,2 milhões de euros), destina-se a 94 explorações agrícolas e 56 agricultores estrangeiros abrangidos pelos Acordos Bilaterais de Promoção e Proteção do Investimento (BIPPAS, na sigla em inglês), ratificados antes de 2000.
O desembolso desta nova rubrica surge depois de o Governo já ter incorporado no orçamento nacional de 2024 um montante de 20 milhões de dólares (cerca de 18,3 milhões de euros) especificamente destinado a compensar os agricultores afetados e protegidos pelos BIPPAS.
"O processo de compensação já começou. O Presidente, [Emmerson] Mnangagwa, acredita que este processo é crucial para criar confiança, cumprir os nossos compromissos e garantir a coerência com a nossa Constituição, à medida que enfrentamos o desafio da dívida do Zimbabué", disse Ncube à EFE, acrescentando que os novos pagamentos começaram na segunda semana de janeiro.
"Apenas os requerentes de países com BIPPAS assinados e ratificados antes do Programa de Reforma Agrária de 2000 são elegíveis para compensação e 94 fazendas foram aprovadas para compensação", acrescentou Ncube.
Os agricultores selecionados para compensação provêm da Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Suíça e outros países da Europa Oriental.
O Governo do Zimbabué tenciona pagar um total de 331 milhões de dólares (315 milhões de euros) a 439 agricultores brancos locais que também foram afetados pela expropriação das suas terras em 2000.
Ncube sublinhou que o pagamento das indemnizações aos proprietários de explorações agrícolas "marca uma etapa crucial" no processo de liquidação dos pagamentos em atraso e de resolução da enorme dívida do país da África Austral, que não é paga desde 1999.
O pagamento da indemnização é importante na tentativa do Zimbabué de ganhar a confiança dos credores para reestruturar a sua dívida de 21 mil milhões de dólares (13 mil milhões de dólares de dívida externa e oito mil milhões de dólares de dívida interna).
O Governo do falecido Robert Mugabe, que governou o país com mão de ferro de 1980 a 2017, quando foi derrubado pelos militares, expropriou em 2000 cerca de quatro mil agricultores brancos das terras a que tinham tido acesso na época colonial, numa altura em que o país atravessava uma recessão económica.
Até 2000, os agricultores brancos desempenharam um papel fundamental na economia agrícola, produzindo tabaco e produtos hortícolas, como flores, para exportação.
A população indígena começou então a ocupar informalmente os campos vagos.
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