Apesar de ter aprovado previamente o encontro no passado dia 23 de janeiro, a Comissão Permanente dos Negócios Estrangeiros do parlamento neerlandês decidiu não receber Albanese, que havia sido convidada pela deputada do partido social-democrata PvdA, Kati Piri.
Vários grupos políticos neerlandeses opuseram-se ao convite da relatora da ONU, devido às suas declarações sobre as políticas e práticas de Israel nos territórios palestinianos.
A jurista italiana já fez várias críticas severas ao atual Governo israelita, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e tem condenado as ações de Israel contra os palestinianos, descrevendo a Faixa de Gaza como "o maior e mais ultrajante campo de concentração do século XXI".
Diederik van Dijk, membro do partido ortodoxo calvinista SGP, considerou "inaceitável convidar uma pessoa assim para o parlamento neerlandês" e Raymond De Roon, do Partido da Liberdade (PVV, extrema-direita), parceiro do atual Governo de coligação, qualificou Albanese como uma "inimiga dos judeus e de Israel".
Eric van der Burg, do partido liberal de direita VVD, que também integra o Governo, defendeu que é "tradição apoiar mutuamente" os colegas deputados neste tipo de convites, "mesmo que não se esteja de acordo", e recordou que "os Países Baixos são membros da ONU e esta pessoa representa a ONU".
No entanto, Van der Burg alterou a sua posição após ter tido conhecimento das declarações da relatora especial, e deixou de ter "qualquer interesse em ouvi-la".
"Como a política pode ser feia. Aqui está um grupo de adultos reunidos apenas para bloquear isto. Teriam utilizado esse tempo para refletir sobre questões críticas", criticou, por sua vez, o líder do Partido Socialista (PS), Jimmy Dijk.
O Centro de Informação e Documentação sobre Israel (CIDI) apelou à organização de protestos contra a presença de Albanese no país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros neerlandês, Caspar Veldkamp, também rejeitou o pedido de Albanese para uma reunião durante a sua visita a Haia.
"Recuso-me a recebê-la", afirmou o ministro à estação televisiva neerlendesa NOS.
Veldkamp já havia criticado no ano passado as declarações de Albanese sobre as ações de Israel na guerra na Faixa de Gaza, despoletada pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, a maioria dos quais civis.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva de grande escala na Faixa de Gaza, matando mais de 48 mil pessoas, destruindo a maioria das infraestruturas do enclave palestiniano e desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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