Trump "é o primeiro e até agora o único líder ocidental a dizer alto e bom som que uma das causas profundas da situação ucraniana foi a posição da anterior administração, que queria arrastar a Ucrânia para a NATO", afirmou Serguei Lavrov, citado pela agência francesa AFP.
Num discurso perante a Duma (câmara baixa da assembleia federal) em Moscovo, Lavrov disse que o Presidente dos Estados Unidos compreendeu a posição de Moscovo em relação à Ucrânia.
Um dos argumentos de Moscovo para justificar a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 foi a oposição à ambição de Kiev de aderir à Aliança Atlântica, uma organização considerada uma ameaça existencial pela Rússia.
"Nenhum líder ocidental alguma vez disse isso, e ele [Trump] expressou esse pensamento várias vezes. Isto é um sinal de que ele compreende a nossa posição", disse Lavrov.
O chefe da diplomacia russa congratulou-se também com as críticas do Presidente norte-americano ao homólogo ucraniano, depois de Trump ter sugerido que Volodymyr Zelensky era responsável pela guerra na Ucrânia.
Trump é "um político totalmente independente. Além disso, é uma pessoa que está habituada a falar francamente", disse Lavrov, citado pela agência russa TASS.
"Pessoas como ele não costumam esconder o que pensam sobre indivíduos patéticos como o senhor Zelensky", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
Trump repetiu na terça-feira afirmações feitas pela Rússia, que culpa Zelensky pelo ataque a Kiev e pela continuação da guerra.
"Vocês [ucranianos] estão lá há três anos. Deviam ter acabado com isto há três anos. Nunca o deviam ter começado", disse Trump sobre o conflito na Ucrânia.
Em resposta, Zelensky afirmou hoje que Trump estava a viver "num espaço de desinformação russa".
"Nunca devemos esquecer que a Rússia é dirigida por mentirosos patológicos que não são de confiança e que devem ser pressionados", disse Zelensky através das redes sociais.
No discurso na Duma, Lavrov também afirmou que a Rússia está preocupada com "o crescimento desenfreado" dos sentimentos neonazis na Ucrânia, nos países bálticos (Letónia, Lituânia e Estónia), em vários países da União Europeia (UE) e no Canadá.
Lavrov disse que os movimentos neonazis têm crescido nas últimas décadas "com o apoio silencioso dos países da Europa Ocidental".
Prometeu que a Rússia estará atenta "à união de esforços internacionais" para combater quaisquer manifestações de neonazismo, russofobia e outras formas de intolerância racial e religiosa.
"É encorajador que a nossa posição intransigente em relação ao renascimento do nazismo seja partilhada pela esmagadora maioria da comunidade mundial", afirmou.
A Rússia também justificou a invasão da Ucrânia com o objetivo de "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
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