Violência leva ONU a retirar do Burundi famílias de pessoal internacional

A ONU está a retirar do Burundi as famílias do seu pessoal internacional devido ao conflito no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), ao mesmo tempo que o Presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, tenta tranquilizar os diplomatas.

Notícia

© MICHEL LUNANGA/AFP via Getty Images

Lusa
28/02/2025 14:06 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

burun

Desde janeiro, o grupo armado M23, ajudado por soldados ruandeses, tomou o controlo de uma parte do leste da RDCongo, incluindo as cidades de Goma e Bukavu, e continua a avançar em várias direções.

 

Várias testemunhas disseram à agência AFP na terça-feira que os combatentes do M23 encontravam-se a cerca de 75 km a norte de Uvira, uma cidade na ponta noroeste do Lago Tanganica, em frente à capital económica do Burundi, Bujumbura.

Outros residentes relataram também o destacamento de tropas do Burundi para a zona.

O Burundi, que destacou mais de 10.000 soldados para apoiar o exército congolês desde 2023, ao abrigo de um acordo de cooperação militar com Kinshasa, tinha começado a retirar tropas face ao avanço do M23 e dos seus aliados, segundo fontes militares.

No entanto, de acordo com uma fonte militar do Burundi e relatos de testemunhas, o país reforçou substancialmente a sua presença militar na zona fronteiriça.

Na semana passada, a ONU, tal como muitas das suas representações, autorizou a saída das famílias do seu pessoal em Bujumbura, de acordo com uma carta datada de 21 de fevereiro do Departamento de Segurança e Proteção.

Vários aviões foram entretanto fretados, disse um funcionário da ONU à AFP na quinta-feira à noite, sob anonimato.

No início da ofensiva do M23, o Presidente do Burundi avisou o Ruanda de que este se defenderia em caso de ataque, mas parece ter adotado um tom mais conciliador em relação a Kigali.

O Burundi está também a registar um afluxo de refugiados, como não acontecia há 25 anos. Segundo a ONU, mais de 43.000 pessoas refugiaram-se no país nas últimas duas semanas.

No leste da RDCongo, o número de mortos no conflito em Goma e arredores ultrapassou os 8.500 desde janeiro, quando o grupo rebelde M23 intensificou os combates contra o exército e capturou esta cidade estratégica, segundo as autoridades.

"Já enterrámos mais de 8.500 pessoas na cidade de Goma. Ainda temos cerca de 30 mortos nas nossas morgues", disse o ministro da Saúde Pública democrático-congolês, Samuel Roger Kamba, na quinta-feira, de acordo com a imprensa local.

Contam-se ainda pelo menos 5.587 feridos, um número que aumenta diariamente, segundo o ministro.

"Os números apresentados são subestimados porque não têm em conta os casos registados no hospital militar de Goma, sobre os quais não temos acesso à informação", acrescentou Kamba.

Na segunda-feira, a primeira-ministra da RDCongo, Judith Suminwa, disse em Genebra que "mais de 450.000 pessoas, segundo a ONU, não têm abrigo e necessitam de assistência humanitária, para além de 2,8 milhões de deslocados internos no país, especialmente no leste".

Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de paz da ONU (Monusco).

Leia Também: Pelo menos 11 mortos em explosão num comício do M23 no leste da RD Congo

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas