"A República Árabe do Egito exprime a sua rejeição de qualquer tentativa de ameaçar a unidade, a soberania e a paz nos territórios do irmão Sudão, incluindo a tentativa de formar um governo sudanês em paralelo", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito em comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).
Em 22 de fevereiro, os grupos políticos e militares sudaneses, sob uma Aliança Fundadora do Sudão, assinaram uma carta política na qual acordavam os princípios e as bases para a construção de "um novo Sudão" e que permitia a "autodeterminação" em áreas controladas pelas RSF.
No entender do ministério egípcio, este passo "complica o cenário no Sudão, dificulta os esforços em curso para unificar as visões entre as forças políticas sudanesas e agrava a situação humanitária".
O departamento governamental instou "todas as forças sudanesas" a darem prioridade "ao interesse nacional do país" e pediu aos grupos envolvidos para "participarem positivamente no lançamento de um processo político abrangente, sem exclusão ou interferência estrangeira".
Desde abril de 2023, o chefe do exército Abdel Fattah al-Burhane e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdane Daglo, outrora aliados, estão envolvidos numa luta pelo poder que mergulhou o país numa guerra devastadora, que já provocou a morte de dezenas de milhares de pessoas e que contabiliza mais de 12 milhões de desalojados.
A tentativa de formar um governo paralelo surge num contexto em que as RSF têm perdido território para o Exército, especialmente nos estados de Cartum e Al Jazira, sendo que as Forças Armadas também têm conseguido penetrar no Cordofão do Norte e recuperado o controlo de localidades estratégicas.
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