"Acolhemos com satisfação os esforços de Trump para pressionar a Rússia a negociar e estamos prontos para participar em todas as negociações para garantir uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia, para garantir a segurança europeia e para todos os países europeus", disse numa conferência de imprensa em Chisinau, após se reunir com a presidente da Moldova, Maia Sandu.
Questionado sobre a exigência do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para que a União Europeia (UE) se envolva em negociações diretas com o Presidente russo, Vladimir Putin, Costa insistiu que os 27 membros do bloco europeu devem permanecer unidos no seu apoio à Ucrânia.
António Costa afirmou que a cimeira extraordinária desta quinta-feira, em Bruxelas, deverá aprovar "decisões concretas" com o objetivo de aumentar a defesa europeia, para que o bloco possa ser "mais autónomo e consiga se defender", ao mesmo tempo que defende uma paz "justa" na Ucrânia.
De qualquer forma, Costa declarou que a paz "não pode ser apenas um cessar-fogo", que permitiria à Rússia "regressar mais forte".
"O que queremos é uma paz justa e duradoura. O que está a acontecer agora na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia. É também sobre a segurança europeia como um todo", frisou o político português.
Em resposta às críticas do primeiro-ministro húngaro, Costa insistiu que a UE é um "projeto de paz" e que a segurança e a defesa são, por isso, uma "prioridade".
"A paz sem segurança é uma ilusão", disse, sublinhando que qualquer acordo alcançado na Ucrânia deve incluir medidas de segurança.
"Continuaremos a proporcionar paz e segurança à Europa e é por isso que investimos na defesa. Não para fazer a guerra, mas para garantir a paz, preservar a paz, proporcionar a paz na Europa", respondeu.
Nas últimas horas, Viktor Orbán criticou os líderes europeus, que se reuniram no domingo em Londres para apoiar Kiev, acusando-os de quererem prolongar a guerra.
"Em Londres, os líderes europeus decidiram que a guerra é necessária, não a paz. Decidiram que a Ucrânia deve continuar a guerra. Isto é um erro, um engano e um perigo", disse Órban.
Sobre a adesão da Moldova à Europa, Costa elogiou o progresso de Chisinau no caminho europeu três anos depois de ter formalizado o seu pedido de adesão à UE, apenas alguns dias após a invasão russa da Ucrânia e pouco depois de Kiev ter solicitado a sua entrada.
"A Moldova está a viver um momento decisivo no seu caminho em direção à UE. Um momento que marcará profundamente o seu futuro para as gerações vindouras. Os moldavos escolheram um futuro europeu e demonstraram o seu compromisso com a democracia, a liberdade e uma vida melhor para os seus filhos", enfatizou Costa.
O Presidente do Conselho Europeu apelou à força do povo moldavo face aos ataques à sua estabilidade através de "chantagem energética" ou "fake news", numa referência à crescente interferência russa no país.
"Mas o povo da Moldova levantou-se e fortaleceu o caminho europeu do país no referendo há apenas alguns meses. A UE mostrou que estamos com o povo moldavo também em tempos de desafios e crises. Podem contar connosco como um parceiro previsível e fiável", disse Costa.
Neste sentido, o presidente do Conselho Europeu defendeu que a Moldova deveria construir o seu futuro comum com a UE "sem interferências e sem que ninguém decidisse" pelos europeus e moldavos.
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