Os analistas consideram que o mais provável é que os gastos com as forças armadas continuem a aumentar, à semelhança do que tem acontecido nas últimas décadas.
Pequim argumenta que os aumentos são "apropriados e razoáveis" e visam enfrentar "desafios complexos de segurança" e insiste que a sua modernização militar "não constitui uma ameaça para nenhum país".
No leste da Ásia e no sul do Pacífico, no entanto, a China tem adotado uma postura mais assertiva, que resultou em picardias sucessivas com os países vizinhos, incluindo Japão, Filipinas ou Vietname, e tem provocado a apreensão da Austrália e Nova Zelândia, à medida que Pequim alarga a sua influência às pequenas nações insulares da região.
Nos últimos anos, as despesas de Pequim com as suas forças armadas estabilizaram em taxas de crescimento anuais de cerca de 7,2% do orçamento do Estado chinês. No ano passado, esse valor ascendeu a 1,67 biliões de yuan (220 mil milhões de euros).
Os analistas acreditam, no entanto, que a despesa real da China com a Defesa é significativamente mais elevada do que a anunciada no orçamento oficial.
"Se se desviarem significativamente dessa taxa de crescimento de cerca de 7%, seja acima ou abaixo dela, penso que isso será significativo", escreveu Brian Hart, diretor-adjunto e membro do grupo de reflexão ('think tank') norte-americano Center for Strategic and International Studies (CSIS).
"Também acho que será significativo se virmos os funcionários [chineses] abandonarem as afirmações de longa data de que as despesas com a Defesa estão ligadas ao crescimento do PIB. Não prevejo que eles mudem estas coisas, mas são certamente aspetos a ter em conta", apontou.
Além de possuir o maior exército permanente do mundo, a China tem a maior marinha e recentemente lançou o seu terceiro porta-aviões. O país possui uma enorme reserva de mísseis, caças, navios de guerra capazes de lançar armas nucleares, navios de superfície avançados e submarinos movidos a energia nuclear.
Por outro lado, a China tem uma base militar em Djibuti, no Corno de África, e modernizou a base naval de Ream, no Camboja, que lhe oferece uma presença semipermanente no Golfo da Tailândia, de frente para o disputado mar do Sul da China.
O esforço de modernização gerou preocupações entre os Estados Unidos e aliados, que temem que a China invada Taiwan. Pequim reivindica o território, que funciona como uma entidade política soberana, como uma província sua, que deve ser reunificada à força, caso seja necessário.
No ano passado, as incursões de caças da China na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan aumentaram em cerca de 80%, em termos homólogos, refletindo a crescente pressão militar sobre a ilha, desde que chegou ao poder Lai Ching-te, conhecido como William Lai, visto por Pequim como um "independentista" e "agitador".
Sobre as declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propôs a realização de uma cimeira com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente russo, Vladimir Putin, para negociar uma redução nos orçamentos de Defesa das três grandes potências, Pequim contrapôs que Washington deve assumir a iniciativa.
"Uma vez que apela à 'América primeiro', Trump deve tomar a iniciativa de reduzir as despesas militares", respondeu o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.
"A despesa limitada da China com a Defesa é inteiramente necessária para salvaguardar a soberania nacional, a segurança e os seus interesses de desenvolvimento, bem como para proteger a paz mundial", apontou.
A Assembleia Popular Nacional (APN), cuja sessão anual decorre até 11 de março, é composta por cerca de 3.000 delegados, entre os quais uma representação das Forças Armadas. Os delegados não são, porém, eleitos por sufrágio direto, e o "papel dirigente" do Partido Comunista Chinês (PCC) é "um princípio cardial".
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