O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, está a ser acusado de "apagar da história" e insultar os sacrifícios dos soldados britânicos que morreram no Iraque e no Afeganistão, a combater ao lado dos norte-americanos, com as declarações que fez sobre os países europeus que oferecem ajuda à Ucrânia, considerando-os sem "experiência".
JD Vance referiu-se, com desdém, à proposta de manutenção de paz sugerida pelos líderes europeus, considerando-os como "20 mil soldados de um país qualquer que não combate uma guerra há 30 ou 40 anos".
França e o Reino Unido são, para já, os únicos dois países que se comprometeram a colocar soldados no terreno, na Ucrânia, para ajudar a evitar uma ameaça da Rússia.
No Reino Unido, as declarações de Vance não foram bem recebidas, com os críticos a apontar que os "30 ou 40 anos" a que o norte-americano se refere abrangem o período em que as forças britânicas lutaram ao lado dos aliados norte-americanos no Médio Oriente.
"JD Vance está a apagar da história centenas de soldados britânicos que deram as suas vidas no Iraque e no Afeganistão. Vi, em primeira mão, como os soldados americanos e britânicos lutaram corajosamente lado a lado. Seis do meu próprio regimento, a Polícia Militar Real, não regressaram a casa do Iraque. Esta é uma tentativa sinistra de negar essa realidade", afirmou ao jornal Metro britânico Helen Maguire, deputada liberal democrata no Reino Unido e ex-capitã da Polícia Militar Real, que serviu no Iraque.
Já o antigo ministro da Defesa britânico Johnny Mercer descreveu Vance como um "palhaço".
"Como ele próprio admite, passou o seu tempo nos Marines a 'escrever artigos e a tirar fotografias'. Talvez se ele tivesse sujado as mãos ao serviço do seu país, como muitos dos seus colegas veteranos americanos e britânicos, perseguindo as ideias loucas de política externa do seu próprio país, talvez não fosse tão rápido a desprezar o seu sacrifício", defendeu Johnny Mercer.
Em resposta às críticas, JD Vance salientou que não se estava a referir à França ou ao Reino Unido, os dois únicos países que se ofereceram publicamente para ajudar Kyiv, aponta a Efe, uma vez que "ambos lutaram valentemente ao lado dos Estados Unidos nos últimos vinte anos ou mais".
This is absurdly dishonest.
— JD Vance (@JDVance) March 4, 2025
I don’t even mention the UK or France in the clip, both of whom have fought bravely alongside the US over the last 20 years, and beyond. https://t.co/hrkb5pTV8p
Numa entrevista à Fox News, o vice-presidente dos Estados Unidos defendeu que muitos dos países europeus que se estão a oferecer para enviar tropas para a Ucrânia "não têm experiência", "nem equipamento" para isso.
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