Laëtitia Romeiro Dias, candidata do movimento A República em Marcha!, do presidente Emmanuel Macron, venceu a primeira volta das eleições legislativas com 35% dos votos, enquanto Virginie Araújo, candidata de A França Insubmissa, da esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon, conquistou 13,74%.
Ainda que ambas tenham apelidos portugueses, apenas Virginie, de 32 anos, tem raízes familiares lusas, ao passo que Laëtitia, de 36 anos, adotou o apelido do marido português e familiarizou-se com as férias habituais em Fátima e Charneca da Caparica.
Quando questionadas pela Lusa sobre como é que um eleitor franco-português deverá decidir face a uma segunda volta com duas cabeças-de-cartaz lusófonas, ambas são unânimes em responder que o voto deve depender dos seus programas e não dos seus apelidos.
"As pessoas devem escolher em função do projeto para o futuro. O que vemos neste resultado da primeira volta é que os franceses confirmaram a vontade de ver o projeto de Emmanuel Macron na segunda volta, confirmaram a escolha feita nas presidenciais e a escolha de renovação e de unidade forte", afirmou Laëtitia Romeiro Dias.
Virginie Araújo argumentou que não vai "basear a campanha no facto de ser portuguesa pelo pai" ainda que os emigrantes portugueses possam ficar "sensibilizados com o programa de A França Insubmissa porque não esqueceram a política de austeridade".
"O nosso projeto, a nossa oposição à política de Macron em matéria de restrição de liberdades ou da lei do trabalho, assim como as minhas convicções inspiradas na história familiar, são fatores importantes na campanha", comentou a lusodescendente que construiu o seu "pensamento político de esquerda desde criança", graças a uma mãe sindicalista e a um pai emigrante português.
A fisioterapeuta não se deixa impressionar pela vaga de candidatos apoiados por Emmanuel Macron que lideraram a primeira volta das legislativas e fala em "duelo" até ao próximo domingo.
"Houve 50% de abstenção, foi enorme. Apesar disso, conseguimos passar à segunda volta. Agora, temos que mobilizar os eleitores que votaram na França Insubmissa nas presidenciais e fazer com que as pessoas consigam ver em nós uma forma de resistência face a este governo", acrescentou, avançando que vai estender a mão às forças de esquerda na sua circunscrição.
Tanto Virginie Araújo como Laëtitia Romeiro Dias estão a dar os primeiros passos na política, sendo oriundas da sociedade civil e não tendo tido qualquer mandato local.
"Nunca me tinha candidatado a uma eleição. Entrei no movimento de Emmanuel Macron há um ano porque os partidos tradicionais eram demasiado ideológicos e nada ancorados no real. Ele ultrapassava a clivagem esquerda-direita, tinha um programa ancorado no real e decidi que era tempo de me lançar", recordou Laëtitia Romeiro Dias.
A jurista mostrou-se "contente, mas prudente" porque "há que continuar a convencer os eleitores" até à segunda volta, no próximo domingo, 18 de junho.