"Não correu na perfeição", mas há que "distinguir" Champions de turistas

António Costa assumiu que a operação Champions "não correu na perfeição", mas é preciso distinguir adeptos de turistas. O primeiro-ministro frisou, porém, que "o que ocorreu este fim de semana não pode servir de exemplo e tem é de servir de lição".

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Filipa Matias Pereira com Lusa
31/05/2021 15:54 ‧ 31/05/2021 por Filipa Matias Pereira com Lusa

País

Covid-19

Pelo menos 20% dos adeptos ingleses que se deslocaram à cidade do Porto, para assistir à final da Liga dos Campeões, não "respeitaram as regras da bolha", revelou, esta segunda-feira, o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas, salvaguardando, porém, que é necessário distinguir adeptos de turistas. 

Assumindo que "é evidente que temos todos de aprender com a forma como as coisas correm", António Costa destacou que "é preciso distinguir as pessoas que vieram no quadro da operação Champions de turistas que se deslocaram para o Porto. A atuação dos turistas não estava enquadrada no quadro da operação. As fronteiras abriram e têm estado a funcionar", lembrou. 

Na Assembleia da República, o governante frisou que "é preciso ficar claro que o que foi detido não é falso". A operação Liga dos Campeões "não correu na perfeição" porque houve "pelo menos 20% de pessoas que terão vindo com bilhete, mas não respeitaram as regras da bolha. Decidiram vir antecipadamente como turistas".

O chefe de Governo advogou que, quando foram "finalizadas as regras", ainda "não estavam abertas as fronteiras para a situação turística e foi previsto que os 12 mil lugares reservados [para os adeptos] teriam de vir e voltar em regime de bolha". 

Com efeito, "9.800 vieram nessas condições", o que corresponde a 80% dos adeptos ingleses. 

A Direção-Geral da Saúde fixou a lotação máxima do estádio em 16.500 lugares e estiveram no recinto desportivo "cerca de 14.110 pessoas", indicou ainda. 

Considerando as imagens de ajuntamentos na Ribeira do Porto que vieram a público, António Costa vincou que, "o que ocorreu este fim de semana não pode servir de exemplo e tem é de servir de lição relativamente a circunstâncias futuras". 

António Costa deixou ainda uma palavra às forças de segurança pela forma como intervieram durante o fim de semana, alegando, aliás, que a atuação da "polícia portuguesa tem sido referida como boa prática". 

"Temos de ter em conta que ninguém melhor que as forças de segurança podem avaliar qual o melhor modo de atuação. As forças de segurança têm privilegiado a prática pedagógica a práticas mais musculadas", esclareceu.

Questionado se gostou de ver imagens de adeptos britânicos, durante a semana anterior, na baixa da cidade, alguns sem medidas de precaução contra a epidemia de Covid-19, Costa admitiu que não, mas afirmou que elas "foram repetidas em 'loop', criando a ilusão que eram continuadas".

A situação deste fim de semana mostrou, ainda, que "uma das primeiras lições é que temos de dar melhor informação aos turistas que nos visitam quanto às regras praticadas em Portugal". 

No final das declarações que prestou aos jornalistas no Parlamento, Costa ainda foi questionado sobre as consequências políticas dos acontecimentos, tanto nos festejos incontrolados no Porto, no sábado, como em Lisboa quanto adeptos do Sporting festejaram o campeonato.

"Há sempre lições a tirar", disse apenas, sem responder diretamente à pergunta das consequências políticas, depois de participar numa reunião da COSAC (Conferência dos Órgãos Especializados em Assuntos da União dos Parlamentos da União Europeia).

Sublinhou, igualmente, que, nos incidentes do Porto, a polícia registou um "número muito limitado de incidentes e pessoas detidas".

Independentemente da polémica com o que se passou no Porto, Costa avisou que "não é pelo incumprimento das regras" que elas "deixam de ser legítimas", em resposta a uma pergunta sobre o que vai ser feito, por exemplo, com os Santos Populares, em junho, que levam milhares de pessoas às ruas.

A final da Liga dos Campeões, entre Manchester City e Chelsea, decorreu no Porto, no sábado, num jogo com a presença de adeptos ingleses, que durante os últimos dias estiveram aglomerados no centro da cidade, a maioria sem cumprir as regras ditadas pela pandemia de Covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento físico.

[Notícia atualizada às 17h45]

Leia Também: Champions? Incumprimento de outros "não deve ser álibi", diz ministra

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